domingo, 4 de novembro de 2012

A POESIA TREKKING DE ESTELAMARIS

Foto do acervo da amiga aventureira Estelamaris 

Poesia Trekking da aventureira e amiga Estelamaris

Ideias sopram ao vento...

Busco a todo momento me entender e rever meus pensamentos
Neles me viro, reviro e tento entender o que me faz mover,
Mover em direção ao novo, desconhecido, inusitado
Pessoas passam pela minha vida e me mostram os diferentes caminhos a seguir
Por eles me perco, me encontro e me desencontro
Tudo é um turbilhão de sensações, emoções e conhecimento
Hora são momentos, ora são tormentos
E assim me sustento
Com ideias que sopram aos ventos
Construções, desconstruções e necessidade de recriar
De reinventar , de adequar e de buscar
Buscar a paz, a energia que emana da história
Da minha história, das nossas histórias
Encontrar a paz, a quietude da alma?
A quietude do espírito crítico e enlouquecedor
O que seria de mim se não fosse esse sentimento de descontentamento
Que me leva a buscar, a trilhar e a andar por caminhos desconhecidos
Me arriscar como se fosse um pássaro livre sem ninguém para segurar
Para vigiar ou para bloquear
Assim minhas ideias sopram aos ventos e
Me contento, me oriento e me sustento
Dentro daquilo que considero fundamento
Fundamento real, essencial
Buscar sempre o elemento que é complemento
Suplemento e inquietamento
Assim como minhas ideias eu busco sobreviver ao sopro dos ventos!

ESTELAMARIS – 2012.

domingo, 15 de julho de 2012

A ARTE DE "FLANAR" PELA CIDADE


Caminhar é mais do que um esporte, é uma arte. Portanto, caminhar, perambular, "flanar" é a atividade mais importante de toda e qualquer cidade. Em nosso Blog apresentaremos este tema diante do olhar da literatura de João do Rio, pseudônimo de Paulo Barreto, cronista e errante urbano que descreve nos jornais suas errancias pela antiga cidade maravilhosa. O mesmo destaca a importância do flâneur em seu trabalho - A alma encantadora das ruas - no cotidiano urbano. vejamos então o que diz o próprio João do Rio no jornal Gazeta de Notícias, em 1905.

"Eu amo a rua[...] para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhes as delícias como o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades e os nervos com o perpétuo desejo imcompreensível, é preciso ser aquele que chamamos de flâneur e práticar o mais interessante dos esportes , a arte de flanar." (Jornal Gazeta de Notícias, 1905)

FLANAR NA PERCEPÇÃO DE JOÃO DO RIO

"...Flanar é a distinção de perambular com inteligência. Nada como o inútil para ser artístico. Daí o desocupado flâneur ter sempre na mente dez mil coisas necessárias, imprescindíveis, que podem ficar eternamente adiadas. Do alto de uma janela como Paul Adam, admira o caleidoscópio da vida no epítome delirante que é a rua; à porta do café, como Poe no Homem da Multidões, dedica-se ao exercício de adivinhar as profissões, as preocupações e até os crimes dos transeuntes.

[...] O flâneur é ingênuo quase sempre. Para diante dos rolos, é o eterno "convidado do sereno" de todos os bailes, quer saber a história dos boleiros, admira-se simplesmente, e conhecendo cada rua, cada beco, cada viela, sabendo-lhe um pedaço da história, como se sabe a história dos amigos (quase sempre mal), acaba com a vaga idéia de que todo o espetáculo da cidade foi feito especialmente para seu gozo próprio.

[...] Quando o flâneur deduz, ei-lo a concluir uma lei magnífica por ser para seu uso exclusivo, ei-lo a psicologar, ei-lo a pintar os pensamentos, a fisionomia, a alma das ruas. E é então que haveis de pasmar da futilidade do mundo e da inconcebível futilidade dos pedestres da poesia de observação...Eu fui um pouco esse tipo complexo, e, talvez por isso, cada rua é para mim um ser vivo e imóvel." (João do Rio, A alma encantadora das ruas)

terça-feira, 10 de julho de 2012

SIMPÓSIO: MINICURSO - CAMINHAR, TRILHAR, ANDAR


Foto: Prof. Petrônio Lima - Trilha da Ladeira de São Sebastião 

TEMA: CAMINHAR, TRILHAR, ANDAR:UMA FUNÇÃO “CIVILIZADORA” 

Nos dias 05 e 06 de julho de 2012, foi realizado o minicurso sobre a história da caminhada urbana e rural na escola Estadual de Educação Profissional Antonio Tarcísio Aragão, na realização do IV Simpósio de Ipu pelo professor Petrônio Lima, pesquisador e praticante de trekking e trilhas na Ibiapaba. Contou com a participação do professor e músico João Freire que abordou a sua pesquisa em história sobre a ladeira de São Sebastião de Ipu, a conhecida Trilha da “Lasca da Velha”, “onde expôs a sua importância sobre o escoamento e abastecimento da produção agrícola, como frutas legumes e hortaliças”, o que era destinado à antiga feira de Ipu.

Antes, porém o prof. Petrônio Lima levantou a questão sobre a prática da caminhada Trekking que vem crescendo nas últimas décadas, inclusive no Ceará citando os grupos “Bichos do Mato” e o “Calangos da Trilha” de Ipu, um grupo de aventureiros e andarilhos que atua oficialmente a quase quatro anos, no qual o mesmo é um dos fundadores do grupo. Na ocasião foi explicado a origem da palavra “trekking” e suas modalidades, bem como os cuidados básicos de se praticar trilhas ou se aventurar nas matas e estradas da serra e sertão de Ipu. O interessante em sua análise foi o destaque para a diferenciação histórica e cultural do caminhar na cidade, “uma outra forma de se locomover e movimentar o corpo.” O professor e historiador Petrônio Lima aproveitou a ocasião e abordou a sua pesquisa para o mestrado que trata sobre as experiências e memórias do andarilho urbano em Ipu.

O segundo dia do minicurso teve a importante participação dos Escoteiros de Ipu, onde mostrou as técnicas de se comportar no mato como também os cuidados básicos sobre o que levar para uma trilha de curto percurso. Horas depois os alunos do minicurso assistiram um filme (A Trilha) e ao terminar foram dados as ultimas informações da atividade prática da trilha da ladeira de São Sebastião – Lasca da Velha, que foi realizada no domingo dia 08 de julho, que teve aproximadamente 37 participantes.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

LAMPIÃO: UMA OUTRA HISTÓRIA DO CANGAÇO

Lampião e sua máquina de costura

 LAMPIÃO E SUA INFLUÊNCIA NA ESTÉTICA E MODA DO CANGAÇO 

A simples menção ao nome de Lampião fazia tremer o cabra mais macho do Nordeste. Virgulino Ferreira da Silva, seu nome de batismo, aterrorizou o sertão, entre 1916 e 1938, com seu bando que contava 200 homens. Nos sete Estados da Federação onde a lei parecia ausente e a polícia, chamada de Volante, cometia excessos, Lampião e sua gangue justificavam seus assassinatos, degolas, estupros e assaltos com supostas bandeiras sociais e, assim, conseguiam angariar alguma simpatia da população pobre.

Mas, quando não estava praticando crimes, o cangaceiro se atracava com agulhas e linhas para costurar e bordar, indamente, roupas, revestimentos para cantil, cinturões, bornais (espécie de bolsa) e os lenços que usava ao estilo "Jacques Leclair", o protagonista costureiro da novela global “Ti-ti-ti”. Seu sanguinolento bando exibia uniformes bordados com flores, estrelas e símbolos místicos. Embora cause estranheza, este apuro estético tinha uma finalidade: servia para despertar admiração entre a população e, também, como patente hierárquica do bando. Lampião acreditava ainda que alguns símbolos blindavam seus homens contra maus espíritos.

O lado excêntrico e quase marqueteiro do famoso bandoleiro emerge pelas mãos de uma das maiores autoridades brasileiras em cangaceiros, o historiador Frederico Pernambucano de Mello, “o mestre dos mestres quando o assunto é cangaço”, como dizia o antropólogo Gilberto Freyre. Mello acaba de lançar o livro “Estrelas de Couro – A Estética do Cangaço” (Escrituras, 258 págs.), no qual mostra que, ao impor um estilo próprio de vestuário, Lampião incutia os valores do cangaço aos homens do seu bando e estabelecia a diferença entre a sua tropa e os “outros.” Lampião, aliás, odiava ser confundido com cangaceiros comuns.

A força da roupagem luxuosa que ele criara – e incluía metais e até ouro, além de moedas e espelhinhos –, chegou a influenciar as vestimentas dos policiais. Antes de costurar, ele pegava um papel pardo e desenhava, depois levava o papel para a máquina Singer e cobria o tecido. “Ele não era apenas o executor do bordado. Era também o estilista”, afirma Mello. “No início, a moda era ofício masculino”, garante a professora de história da indumentária e antropologia da moda Silvia Helena Soares, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Ela vê nas criações de Lampião um estilo de moda que remonta à época do Renascimento (século XVI), quando os homens bordavam as joias na própria roupa. “Era tudo grandão, pesado. Não tinha nadade delicadinho”, afirma. Para o historiador Luiz Bernardo Pericás, autor de “Os Cangaceiros: Ensaio de Interpretação Histórica”, os uniformes dos cangaceiros ficaram tão enfeitados que pareciam fantasias. “Era um dos aspectos da extrema vaidade daqueles bandoleiros”, diz Pericás.

Lampião aprendeu a manejar a linha e a agulha muito antes de tomar gosto pelo rifle. Quando menino, quase adolescente, Virgulino fazia tecidos de couro muito bem ornamentados, resistentes e esteticamente valiosos para vender nas feiras. “Era famoso como alfaiate de couro”, afirma o historiador Mello. Ele foi parar no crime porque sua família se envolveu numa guerra com fazendeiros vizinhos. Dizem que era tão hábil com a espingarda que conseguia dar tiros consecutivos que clareavam a noite. Daí a alcunha de Lampião. O Rei do Cangaço morreu aos 40 anos, em 1938, junto com a fiel companheira, Maria Bonita – que, igualmente, andava coberta de roupas, chapéus, cintos e bolsas bordadíssimas.

O casal e nove homens do bando foram decapitados e as cabeças expostas como troféus pela polícia nas escadarias da igreja de Piranhas, em Alagoas. Ali, foram fotografadas ao lado de objetos preciosos do grupo, como espingardas e cartucheiras, além de outras armas de Lampião: duas máquinas de costura Singer, o sonho de todas a donas de casa da época. Se tivesse escolhido a profissão de costureiro, Lampião (até hoje cons tantemente revisitado pela indústria fashion) certamente teria tido uma carreira brilhante.

http://textileindustry.ning.com/profiles/blogs/a-influencia-do-cangaceiro
Fonte: Blog de José Mendes Pereira

quarta-feira, 27 de junho de 2012

ESTRELAS DE COURO - A ESTÉTICA DO CANGAÇO


A Estética do Cangaço, por Frederico Pernambucano de Melo ( TEXTO PUBLICADO NA REVISTA MENSCH (N30, MAIO DE 2011)

O universo do cangaço sempre foi um assunto muito próprio do universo masculino, onde os homens dominavam e comandavam seus grupos. Tanto que o mais famoso representante dessa cultura de foras da lei, o Mestre Virgulino, vulgo Lampião, até hoje é tema de livros e estudos. Sempre com histórias ligadas a nossa cultura, em especial pelo cangaço que nos fascina com seus “causos” e relatos. Para saber um pouco mais dessa cultura fomos atrás do celebre escritor pernambucano Frederico Pernambucano de Melo, que recentemente lançou o livro “Estrelas de Couro, a Estética do Cangaço” que mostra a face oculta quando se fala em cangaço. Frederico é Procurador Federal e Historiador, pesquisou a fundo as histórias do cangaço e passou dias na caatinga como os antigos “cabras” do bando de Lampião.

E em breve será o curador do Museu no Estado sobre o tema. Sobre a vontade de ser escritor e falar sobre o cangaço, Frederico nos falou não saber se o homem descobre a vocação ou se a vocação descobre o homem, mas o fato é que ele é um homem dos dois mundos já que a família do pai é do litoral e a da mãe do alto sertão. Quando jovem Frederico gostava de ouvir as histórias dos antigos cangaceiros que fizeram parte do bando de lampião que costumavam freqüentar sua casa para escutar suas histórias, nessa época já sentia necessidade de relatar e perpetuar para história o conhecimento de um universo real nordestino e da sua saga mais apaixonante que foi o cangaço.

Frederico foi muito amigo do escritor e sociólogo Gilberto Freire, que era primo de seu avô paterno Ulisses Pernambucano de Melo, essa amizade começou na época em que ele fazia faculdade, já que seu maior desejo era fazer parte do grupo montado por ele e composto por Silvio Rabino (psicólogo social), René Ribeiro (escritor), Estevão Pinto (historiador) e tantos outros. Frederico passou 15 anos trabalhando como assistente dele, seu ensinamento mais precioso foi sobre a percepção. Ele dizia que a percepção era a porta de entrada para grande inteligência e completava com a frase “prestem bem atenção a pormenores que iluminam”.

Mas como você avalia a opinião popular sobre o cangaço? “Cambiante como sempre já que é contada por duas vertentes, a dos antigos oficiais de polícia que tinham combatido o cangaço e que por isso os demonizava e pelos marxistas que desculpavam todas as brutalidades cometidas pelos mesmos.” Sobre os autores que dedicaram parte da sua vida a relatar sobre o cangaço, Frederico nos cita José Lins do Rego com “Pedra Bonita” e “Cangaceiros”, Graciliano Ramos com “Vidas Secas”, Cândido Portinari com a coleção "Cangaceiros", na Europa quando o tema é citado através de Glauber Rocha com “O Dragão da maldade Contra o Santo Guerreiro” e “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e Lima Barreto com o filme “O Cangaceiro”.

Frederico vê o cangaço como um movimento de irredentismo brasileiro, já que no processo de descobrimento os europeus relatavam que aqui se vivia "sem lei, nem rei e se era feliz". “Esse mito fez com que certos grupos sociais no Brasil desde os primórdios da colonização ficassem a margem do processo que se desdobrou a partir de uma ideologia chamada mercantilismo que é considerada como o pré-capitalismo. Foram esses os valores que o descobridor nos trouxe.

Alguns grupos se afeiçoaram e aceitaram até serem escravizados para entrar no processo econômico e de grande prestígio dos metais nobres, os que não se renderam a esses encantos se mantiveram as margens e muitas vezes de arma em punho para uma possível defesa.”Sobre como surgiu a idéia de misturar versos populares em trechos do seu livro “Guerreiros do Sol”, Frederico nos fala que “surgiu para mostrar a cultura e a história de um povo que por muitas vezes só recebeu notícias através dos versos cantados na boca dos ciganos, no sertão ainda é comum reunir as pessoas para declamar canções, versos ou causos.”

Uma curiosidade bem comum é sobre o significado e a importância dos símbolos estampados nas peças que eram usadas pelos cangaceiros. Que na verdade, segundo Frederico, era a representação das crenças populares onde se buscava nos símbolos uma forma de proteção. Além de trazer defesas e atacar os inimigos, muitos serviam como adorno estético. Um dos principais é a estrela de Salomão que é uma espécie de blindagem, já que os cangaceiros acreditavam que elas devolviam todo mal que era desejado a eles.

Frederico nos relata uma curiosidade interessante, que tais adornos eram feitos pelos próprios cangaceiros, exímios costureiros e pode-se dizer até que eram “estilistas”, que muitas vezes desenhavam antes de iniciar a costura. Em alguns caso costurar rendia a um “cabra” a liderança de um subgrupo já que assim ele conseguia “condecorar” seu bando. Para saber um pouco mais sobre a estética e a influência do cangaço na sociedade, recomendamos, além dos filmes citados por Frederico, os seus dois livros, “Estrelas de Couro, a Estética do Cangaço” e “Guerreiros do Sol”.

Fonte: REVISTA MENSCH (N30, MAIO DE 2011) Texto/ Entrevista: Jamahe Lima

quarta-feira, 20 de junho de 2012

UM IPUENSE PESQUISADOR DO CANGAÇO...

 

Escritor, poeta e pesquidasor, Anastácio Pedro de Mello Lima, mais conhecido por seus amigos e conterrâneos de Ipu como “Pitote” é considerado um grande conhecedor da história do cangaço. Um apaixonado pelas histórias do sertão e de seu povo. Desde muito cedo, já alimentava a vontade de trilhar novos caminhos e novas culturas mundo a fora. Assim como os demais nordestinos que se acostumaram a “carregar a sua casa na própria corcunda”em busca de dias melhores o cearense Anastácio Pedro conviveu também com o sofrimento, as angústias, o medo e a insegurança no sul do país, no entanto conseguiu vencer as adversidades da vida por meio dos estudos e da imensa vontade de viver.

Intrépido, idealista, aventureiro sempre cultivou desde de menino o amor pela leitura que segundo o mesmo veio da influência de sua mãe Antõnia Melo Lisboa (Dona Toinha) que lia e recitava oralmente as histórias e narrativas de Lampião no alpendre do casarão do sítio São Mateus em Ipu. Definido então como “pesquisador espotaneo”, sem as amarras acadêmicas dos teóricos sociais, escreve com maestria e criticidade, sem se deixar levar pela ótica dominante e tradicional da história. É também integrante de honra do grupo de andarilhos e aventureiros de Ipu “CALANGOS DA TRILHA”, (fundado pelo seu sobrinho, historiador e praticante de caminhadas e trilhas (trekking) pelo sertão, prof. Petronio Lima) e um grande intusiasta da cultura popular do Cordel.

Atualmente aposentado pela empresa nacional da Petrobrás, residente em Aracajú, (e com mais tempo disponível...), dedica-se com mais afinco as pesquisas e memórias da vida de Lampião, como também aos estudos da Arqueologia, uma área que hoje caminha muito próxima a história social.

É provável que Anastácio Pedro (tio Pitote) virá ao Ipu agora nas férias de Julho para rever alguns amigos e parentes, bem como realizar algumas pesquisas e trilhas pela serra e sertão de Ipu. Sem dúvida, comparecerá a uma das principais palestras do Simpósio de Ipu sobre a arte do cangaço ( A Estética do Cangaço), tema bastante instigante que estará sendo relizado entre os primeiros dias de julho. No mais, esperamos com ansiedade a sua honrosa presença.

terça-feira, 19 de junho de 2012

JORGE AMADO - O ROMANCISTA DO POVO

Se vivo fosse Jorge Amado completaria 100 anos de vida. Além das homenagens ao escritor e da reedição da novela Gabriela, as memórias do escritor baiano se estende à política - ele que foi um comunista atípico para o tempo, mas que teve uma trajetória dentro do PCB elegendo-se Deputado Federal em 1945 para a Assembléia Constituinte daquele ano, numa das raras vezes em que o partido saiu da clandestinidade.

 Na campanha, chegou a visitar o Ceará. Conta-se que num comício em Itapajé, teve que sair às pressas da cidade, posto que a reunião comunista foi desbaratada à base de pedradas por ferrenhos combatentes religiosos, inclusive protestantes.

Assumiu o mandato no ano seguinte, e algumas de suas propostas, como a que instituiu a liberdade de culto religioso, foram aprovadas e viraram leis. Alguns anos depois, porém, o partido foi colocado na clandestinidade e Jorge Amado teve o mandato cassado. A imagem mostra cartaz produzido para a sua campanha.
 Fonte: Café História

terça-feira, 12 de junho de 2012

PADRE CAUBY: RITOS, CELEBRAÇÕES E CAMINHADAS

Foto pertencente ao acervo do Prof. Francisco de Assis Martins. (Prof. Mello)

Dentre as atividades realizadas pelo então Assistente Eclesiástico no interior cearense entre os anos de 1940 estava o de promover o chamado “passeio circulista” nas ruas da cidade. Muitas vezes motivados pelo clima político, nas inaugurações festivas ou atos cívicos, o papel ritualístico e doutrinário do Círculo de Trabalhadores e Operários era o de propiciar o lazer e a disciplina do trabalhador local.

Os desfiles eram apontados nos jornais de influência católica como o “Correio da Semana” e “A Fortaleza” como sendo um ato de “Fraternização do ideal circulista”. Em meus estudos nos periódicos e “livro de tombos” das paróquias de Ipu e cidades vizinhas há sempre referências ao enérgico dirigente circulista Padre Cauby.

Padre Cauby, tendo então atuado em Ipu entre os anos de 1942 a 1947 foi o grande rearticulador do Círculo Operário Católico, bem como o pioneiro da prática da caminhada circulista na cidade. O mesmo unia a necessidade de doutrinar, moralizar e instruir o “sujeito operario” por meio do ritual dos desfiles católicos com o prazer de participar ativamente das caminhadas.

Por sua postura dinâmica e atlética de um “ex-militar”, tinha o hábito de se exercitar frequentemente e de fazer de vez em quando trilhas longe da cidade. Há relatos de suas caminhadas na famosa trilha da ladeira de São Sebastião, conhecido popularmente como “Trilha da Lasca da Velha.” Mas também cultivava outro hábito interessante, o de raspar o rabo de seu cavalo e sair galopando pelas ruas de Ipu!!!

No que se refere aos desfiles do Círculo Operário de Ipu havia não somente um grande número de "trabalhadores católicos" da linha de frente circulista, bem como algumas senhoras pertencente a “Ala Feminina”, como também figuras de destaque no meio social religioso como “Joaquim Lima”, “Chagas Pinto”, “Abdoral Timbó”, “César Tavares” dentre outros...

Nesse contexto, a prática da caminhada católica e circulista de Padre Cauby pode assim ser definida como uma das primeiras manifestações de seu “espírito avançado” para época. Até então os grandes desfiles do circulismo cearense eram mais voltados para a capital. O interior ainda se constituía nas primeiras décadas dos anos de 1920-30 como “um lugar de pouca importância” na constituição do circulismo católico.

No entanto, a partir da influência das idéias consideradas nocivas a “civilidade” e aos “bons costumes religiosos” (1940 em diante )a coisa começa a ganhar novos rumos e a figura do Assistente Eclesiástico no meio circulista interiorano passa a ser mais enérgico e atuante. Era preciso “civilizar os costumes” e preparar os espíritos através dos desfiles e até mesmo do simples hábito de andar na cidade.

Prof. Petrônio Lima

segunda-feira, 11 de junho de 2012

"CIDADE DE MEU ANDAR" - MARIO QUINTANA

Centro de Ipu. Foto do acervo do Prof. Francisco de Assis Martins (Prof. Mello)

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse 
A anatomia de um corpo...

(...) Sinto uma dor infinita
 Das ruas (...)
 Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita, 
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

 Que faz com que o teu ar
 Pareça mais um olhar
 Suave mistério amoroso,
 Cidade de meu andar (Mario Quintana – O Mapa)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

IV SIMPÓSIO DE IPU - PROGRAMAÇÃO

IV SIMPÓSIO DE IPU – PROGRAMAÇÃO

"Novos olhares da pluralidade: Desenvolvimento e Cultura" Horário

Programação Dia 03 de julho de 2012 09:00 – 17:00 Credenciamento Local: Centro Vocacional de Ipu - CVT 18:00 – 19:00 Ateliê Temático Cine SESC Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 19:00 – 22:00 Conferência de Abertura "Novos Olhares das pluralidades: cultura e literatura" Antônio Colaço Martins - Magnífico Reitor (UVA) Ana Miranda - poetiza e romancista brasileira Mediador: Dennis Melo - Doutorando em História e Professor (UVA) Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 22:30 Apresentação Cultural Negra Criola - grupo teatral de Fortaleza Local: Praça de Iracema Horário Programação

Dia 04 de julho de 2012 08:30 – 12:00 Mesa Redonda “Medicina, coração, educação e desenvolvimento que transformam o nordeste” Dr. João Martins Sousa Torres (cardiologista) Esp. em Medicina José Evangelista Filho (UFMA) Dr. em Educação Edvar Costa Rodrigues (UVA) Mediador: Prof. Ms. em História Social Alênio Carlos Noronha (UVA) Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 12:00 – 14:00 Intervalo para almoço

14:00 – 17:00 Caminhada “O caminhar na cidade como prática cultural” Prof. Esp. em História Petrônio Lima (IVA) Prof. Esp. em História Augusto Ridlav (UVA) 18:00 – 19:00 Ateliê Temático Cine SESC Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 19:00 – 22:00 Mesa Redonda “Negros e índios e o movimento de resistência das suas pluralidades” Prof. Dr. Babi Fonteles - Coordenador dos Cursos de Magistério Indígena Superior pela UFC Prof. Ms. em História Paulo Henrique de Sousa de Martins (UFF/UVA) Representante da comunidade indígena Mediador: Prof. Ms. em Filosofia Giovane Paulino de Oliveira (UVA) Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 22:30 Quadrilha junina – Arraiá de Iracema “Cante a terra que é sua que dança o sertão que é meu. Puxa o fole Luiz Gonzaga que o João é seu.” Local: Quadra da E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão Horário Programação

Dia 05 de julho de 2012 08:30 – 12:00 Mesa Redonda: “Restauração, patrimônio e espaço urbano: impactos nas pluralidades” Prof. Ms. Alênio Carlos Noronha (UVA) Sérgio Trópia (Restaurador de Ouro Perto) Prof. Ms. História Gelson Monteiro (UFF) Mediador: Prof. Dr. Pedro Fernandes (UFRN) Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 12:00 – 14:00 Intervalo para almoço

14:00 – 17:00 Minicursos Local: Escola de Ensino Médio Auton Aragão 18:00 – 19:00 Ateliê Temático Cine SESC Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 19:00 – 22:00 Palestra: “Cultura popular: as lideranças e a organização da sociedade civil” Prof. Dr. em Sociologia Osvald Barroso (UFC) Profa. Dra. em Sociologia Ana Cristina Farias de Carvalho (URCA) Edmilson Providência - Representante da cultura popular Mediadora: Profa. Ms. Milene Portela (UVA) Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 22:30 – 00:30 Sarau de literatura Prof. Ms. em História Raimundo Alves de Araújo (UECE) Prof. Esp. em Literatura Manfred Rommel (UVA) Valdemar Ferreira de Carvalho Neto Terceiro (UVA) Local: Casa de Cultura Horário Programação

Dia 06 de julho de 2012 08:30 – 12:00 Mesa Redonda “A estética do cangaço, lampião ou lampiões: tudo isto são questões de observação, pluralidades e evolução no Nordeste” Prof. Ms. em Filosofia Giovane Paulino de Oliveira (UVA) Prof. Ms. em Pedagogia, poeta e historiador Luciano Bonfim (UVA) Prof. Ms. em História Raimundo Alves de Araújo (UECE) Mediador: Prof. Esp. em História Francisco Petrônio Lima (UVA) Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 12:00 – 14:00 Intervalo para almoço

14:00 – 17:00 Minicursos Local: Escola de Ensino Médio Auton Aragão 19:00 – 22:00 Mesa Redonda “Antropologia do desenvolvimento e identidade regional” Prof. Dr. em Antropologia Marques Biancucchi (UFC) Prof. Dr. em História Eriberto (UFPE) Mediador: Prof. Dr. em Educação Edvar Costa Rodrigues (UVA) Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 00:00h Café Filosófico Local: Casa de Cultura Horário Programação

Dia 07 de julho de 2012 08:30 – 12:00 Mesa Redonda “História: local que transforma as pluralidades” Prof. Dr. Dennis Melo (UVA) Prof. Ms. Antônio Iramar Miranda Barros (INTA) Prof. Dr. em História Tiago Alves Tavares (INTA) Mediador: Prof. Dr. em História Antônio Vitorino Farias Filho (INTA) Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 12:00 – 14:00 Intervalo para almoço

14:00 – 17:00 Minicursos Local: Escola de Ensino Médio Auton Aragão 18:00 – 19:00 Ateliê Temático Cine SESC Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 19:00 – 22:00 Conferência de Encerramento "Pluralidades, literatura e memória" Prof. Dr. em História Antônio Jorge de Siqueira (UFPE) Prof. Dr. em História Carlos Augusto Pereira dos Santos (UFPE/UVA) Prof. Dr. em História Antônio Vitorino Farias Filho (INTA) Mediador: Prof. Dr. Pedro Fernandes Queiroz (UVA) Local: E.E.E. Profissional Antônio Tarcísio Aragão 22:30 Festejos Local: Bica de Ipu Horário

TRILHAS : PROGRAMAÇÃO  Dia 08 de julho 09:00

CALANGOS TREKKING: Grupo de Trilhas e Caminhadas de Ipu

Professores: Samuel Nobre ( Prof. de Educação Física, guia de trilhas e praticante de Rapel e outros esportes de aventuras.Integrante do Calangos Trekking de Ipu)

Petronio Lima: Professor e pesquisador na área de História Social. Integrante do Clube Calangos Trekking de Ipu.

João Freire: professor de história e músico

LOCAL:“Ladeira São Sebastião” (Trilha da Lasca da Velha)

 Saída: Praça Iracema

quinta-feira, 31 de maio de 2012

MICHEL DE CERTEAU - O "CAMINHAR" NA CIDADE

"Os passos tecem lugares, moldam espaços, esboçam discursos sobre a cidade” . É o que Michel de Certeau defende em seu texto “Caminhando na Cidade” como sendo um “ato de enunciação”. Com base em suas afirmações, o autor compara o ato pedestre, de andar pela cidade, ao falar.

Assim, “o caminhar é uma enunciação pois o pedestre se apropria do sistema topográfico (como nos apropriamos da língua), faz do lugar um espaço (como fazemos da língua um som) e se relaciona com a cidade através dos seus movimentos” (como nos relacionamos com o outro através da língua).

Para Michel de Certeau a cidade e suas diferentes interpretações é percebido como uma linguagem textual que se dar na prática do caminhar nas ruas. Daí o mesmo afirmar que uma das formas de tentar perceber a cidade é caminhar por ela (CERTEAU, 1994).

Os gestos do caminhar urbano muitas vezes passam desapercebidos pelo olhar dos sujeitos comuns, pois “cada movimento é único” e traduz algo a ser observado somente pela ótica daqueles que subvertem a ordem do caminhar frenético da vida agitada.

Muito embora a errancia do caminhar seja uma prática recorrente no cotidiano das cidades é impossível descrever os detalhes do trajeto de um caminhante urbano, por quais caminhos passou, que gestos fez ao descer o meio-fio, aonde seus pés pararam para esperar o sinal abrir. “O caminho que a pessoa percorre jamais será o mesmo”.No instante só que ela acaba de dar um passo, não mais conseguirá reproduzi-lo.

É o que o historiador Michel de Certeau define como uso de uma retórica da caminhada. A arte de moldar percursos, que implica estilos e usos. O estilo conota o que é de cada um, o singular. O uso, por sua vez, remete a uma norma, o que é normalmente feito. “Eles se cruzam para formar um estilo do uso, uma maneira de ser e maneira de fazer.” (CERTEAU. 2004:180).

A retórica ambulante para Certeau é a adaptação linguística e a caminhada do pedestre, é a adequação linguística ao contexto espacial onde o caminhante se encontra. A maneira de fazer nesse caso, seria o falar e caminhar. Método logicamente falando. Certeau prega a análise das maneiras de apropriação do espaço, que corresponde à manipulação de elementos de uma ordem construtora, a transitoriedade e os arranjos linguísticos feitos para isso.

Para ele os movimentos lingüísticos do andar na cidade é mostrado nas práticas sociais, ou seja, a medida em que o espaço é considerado específico, por uma linguagem especifíca acaba sendo isolado. Os movimentos nos lugares promovem ausência se continuidades no espaço histórico constituído. No sentido de perceber os elementos históricos através da análise do que é dito, nos lugares comuns podemos ver uma historia fragmentaria, que se encaixam nas práticas sociais.

OBS: Historiador francês, autor de inúmeras obras fundamentais sobre a religião, a história e o misticismo dos séculos XVI e XVII. “Caminhadas pela cidade” faz parte do caítulo 7 do livro “A invenção do Cotidiano. Certeau neste capítulo usa o exemplo do World Trade Center para mensurar a supremacia econômica do lugar e a rotina de vida da cidade, a sua constante modernização e o desprezo pelo passado, ele usa a analogia de estar no alto do prédio e dominar o poder.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Arte do fazer. Petrópolis. Vozes, 1994.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O CAMINHO DOS FILÓSOFOS: ARTE DO CAMINHAR

Foto ilustrativa da arte da caminhada "Trekking" no Brasil

 Dentre as várias escolas da Antiguidade, porém, existe uma que se destaca não só pela estranheza do nome como pelo tipo de ensino incomum: o método peripatético, utilizado por Aristóteles no Liceu. Isso mesmo: o autor da Metafísica não passava de um peripatético. O exótico adjetivo se deve ao fato de ele "dar suas aulas caminhando" pelo peripatos, uma alameda situada nos jardins do Liceu. As andanças eram feitas pelas manhãs, e nelas mestre e discípulos discutiam as questões filosóficas mais profundas ligadas à metafísica, à física e à lógica.

Alguns séculos depois, o termo se desprendeu dos jardins do Liceu e passou a servir de designação a todo aquele que tem o hábito de ensinar andando. Surge assim o mais famoso peripatético de todos os tempos: Jesus Cristo. As pregações do filho de Maria eram feitas em longas caminhadas com os discípulos, que por sua vez levaram adiante seu modo de ensinar. E foi assim, através de suas caminhadas e pregações, que Jesus ajudou a combater a exploração do aparentemente invencível Império de Roma.

Dando um longo passo da época de Cristo até o século XVIII, chega-se a um dos grandes nomes da filosofia moderna: Emmanuel Kant. O filósofo, nascido na cidade de Königsberg - de onde nunca sairia -, fora capaz de pensar coisas que revolucionaram o mundo da filosofia. Apesar da mente inquieta, a vida de Kant caracterizava-se por uma rotina inquebrantável. Segundo se conta, todos os dias, às três e meia da tarde em ponto, ele saía de sua casa para seu passeio vespertino na alameda de tílias que hoje se chama Passeio do Filósofo.

A pontualidade era tanta que os vizinhos acertavam seus relógios pela hora que Kant aparecia na porta de casa para iniciar sua caminhada (reza a lenda que apenas um único dia o filósofo não caminhou: quando leu Rousseau, sua perplexidade foi tamanha que violou seu hábito). Kant não era um peripatético, posto que em seus passeios não dava lições, mas quem garante que não teria nascido dessas tardes de exercício a fonte de inspiração para os juízos sintéticos a priori, o imperativo categórico e outras de suas grandes descobertas filosóficas?

Ainda na senda da filosofia, apesar dos pensamentos distintos entre o plácido filósofo de Könninsberg e o possesso pensador do eterno-retorno, Friedrich Nietzsche, existe um ponto de encontro: o caminhar. Ambos cultivavam esse saudável hábito, mas o autor de Assim Falava Zaratustra - talvez pelo seu gênio impetuoso – fazia andanças bem mais intensas que as kantianas. Durante sua vida nômade, que lhe valeu a alcunha de “filósofo errante”, independente dos lugares onde se fixava, Nietzsche percorria diariamente longas distâncias por cerca de 6 a 8 horas e depois se entregava a uma escrita incessante na qual colocava as ideias surgidas nesse processo.

Não deve ser por acaso que seus textos são repletos de alusões a locomoção, a paisagens e a fenômenos climáticos. A consolidação máxima de seu processo de pensar-caminhar fica clara em seu mais célebre livro, que narra a trajetória de um homem que, aos trinta anos, deixa sua casa e isola-se nas montanhas por 10 anos. Após esse período, desce de lá e busca disseminar suas ideias pelo mundo afora. As quatro partes em que o livro é dividido foram escritas em diferentes lugares e épocas. Foi caminhando que as ideias para escrever Zaratustra brotaram em Nietzsche.

Para ele, andar era imprescindível para pensar. Tanto assim que no livro A Gaia Ciênciaencontra-se o aforismo: "Não escrevo apenas com a mão: o pé também quer sempre participar". Veredas literárias Uma trilha que por vezes se cruza e por vezes se afasta da filosofia é a literatura. O caminhar nela também se faz bastante presente.Em seu livro de estreia, O diário de um mago, o escritor Paulo Coelho relata sua experiência ao trilhar o Caminho de Santiago de Compostela.

No texto, o mago descreve a importância de realizar tal jornada: “A viagem, que antes era uma tortura porque você queria apenas chegar, agora começa a transformar-se em prazer, no prazer da busca e da aventura. Com isto você está alimentando uma coisa muito importante, que são seus sonhos”. Apesar de tal caminho já ser rota de peregrinação desde o século IX, o livro fez tanto sucesso que o trajeto popularizou-se ainda mais e hoje milhares de pessoas se mandam para a Península Ibérica a fim de trilhá-lo. Os motivos da peregrinação podem ser de natureza religiosa, mística, pessoal ou simplesmente para buscar emoções.

Outro famoso caminhante da literatura é Sidarta, de Herman Hesse. O príncipe de Sakyas, após largar todos os bens materiais de que era provido no palácio de seu pai e sair caminhando pelo Oriente, passa por diversas provações até que obtém a redenção, liberta-se de todos desejos e torna-se Buda. Na contramão desse caminho, desejando sobretudo o encontro com o Diabo, está o desbravador das tortuosas trilhas das Gerais, Riobaldo, protagonista da obra-prima de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Todo o livro acontece no caminhar, nas andanças, no encontro e desencontro dos rumos.

É quando o professor Riobaldo se larga pelas veredas do sertão. Na travessia, descobre a paixão proibida por Diadorim, o amor por Otacília e a jagunçagem. Até de nome muda: Tatarana, devido à boa pontaria, e depois vira Urutu-Branco quando se torna líder do bando. Mas a dúvida crucial do romance permanece: vendeu ou não sua alma ao demo? E pergunta ao seu compadre: “O senhor acha que a minha alma eu vendi, pactário?!.” Ele mesmo responde: “O Diabo não existe. Pois não? O senhor é um homem soberano, circunspecto. Amigos somos. Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia.”

 A caminho do mar...

Outro conhecido adepto de caminhadas é o muso sexagenário, Chico Buarque de Holanda, que usa o trajeto do final do Leblon até o Arpoador como fonte de inspiração para suas composições, livros e reflexão, pois, como ele mesmo declarou em entrevista: “eu também só sei pensar andando. Se você ficar parado, não consegue pensar. Andar eu recomendo para tudo.

Se você tem qualquer problema, dê uma caminhada – porque ajuda, inclusive, a ter ideias. Se a música ficou emperrada ou se a ideia para um livro não vem, a melhor coisa a fazer é dar uma bela caminhada. Fiquei três meses preso na cama. Eu não conseguia ter ideias. Só sonhava que andava. Foram três meses perdidos pela imobilidade”. E completa: “Associo o ato de andar ao ato de pensar, criar e compor”.

Fonte: Mariana Cruz (Blog Educação Pública)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

CAMINHAR TAMBÉM É HISTÓRIA

Resumo do trabalho que apresentarei no IV Simpósio de Ipu em julho de 2012. Pesquisa em processo de amadurecimento para o mestrado em História Cultural.

 CAMINHAR TAMBÉM É HISTÓRIA: ANDANÇAS, MEMÓRIAS E REPRESENTAÇÕES NO USO DO ESPAÇO URBANO EM IPU (1920-1940)


Foto: Acervo fotográfico do Prof.: Francisco De Assis Martins

Por Francisco Petrônio Peres Lima 

Pensar a História por meio da prática do simples hábito de caminhar é uma forma de perceber os espaços reais e simbólicos nas experiências e memórias dos sujeitos sociais em seu tempo. As ruas e calçadas, produzidas em mapas e planos urbanísticos também evocam um passado histórico nas representações do uso do espaço.

Quem não se lembra de algum velho casarão ou sobrado ao andar a pé pelas ruas da cidade ou então das primeiras brincadeiras e namoros nas praças e calçadas. Muito embora, “a forma mais humana de deslocamento do homem” esteja perdendo o espaço para a grande quantidade de veículos automotores, ainda é possível retomar os “lugares perdidos” por meio das memórias e representações dos passeios públicos.

Em nossa pesquisa propomos analisar as lembranças, práticas e representações do “caminhar urbano” no uso dos espaços públicos em Ipu entre os anos de 1920 a 1940 e de que forma o caminhar nas avenidas e praças tentava construir um desejo por uma cidade dita moderna. Ou seja, o hábito de caminhar pela cidade em Ipu não era apenas visto como uma forma “rústica” de movimentação do homem simples, mas também uma prática recorrente pela dita melhor sociedade na idealização dos lugares “xiques” e “elegantes”.

 O “ser moderno”, pertencente a “escol social” era poder andar livremente nos passeios públicos, praças e avenidas. A construção do jardim Iracema em 1927, localizado numa área nobre, pode assim ser definido como uma tentativa em querer copiar o modelo urbanístico das “cidades jardins” dos grandes centros metropolitanos. Dessa forma o caminhar nas avenidas representava, portanto uma separação entre os espaços dos “ricos” e dos “pobres” na pequena “urb sertaneja”.

O passeio a pé nestes locais se diferenciava da forma comum do dia a dia dos andarilhos ou pessoas que circulavam outros lugares, becos e ruas de Ipu, mas ao mesmo tempo mostrava-se como um encontro de socialização e contato maior com natureza urbana. Desta maneira recorremos às fontes orais e escritas para uma melhor análise e reconstituições das lembranças e memórias do caminhante urbano ipuense das décadas de 1920 e 1940. Suas experiências sociais e cotidianas nas andanças e vivencias nos espaços da cidade.

O que não deixa de ser uma reflexão atual sobre a necessidade de rever novos valores, novos paradigmas da importância da caminhada urbana como algo histórico e saudável. Uma maneira prática de se locomover na cidade de forma sustentável, cultural e prazerosa.

UM BREVE HISTÓRICO SOBRE O CAMINHAR NO SÉCULO XX

 Desde tempos mais remotos andar a pé sempre foi a forma mais humana de deslocamento do homem. Com a chamada Revolução Industrial os surgimentos do automóvel assim como as praças iluminadas e elegantes de Paris destacam-se como um referencial da chegada do progresso. Na segunda metade do século XX as separações entre veículos e pedestres passam a incorporar nos projetos de reurbanização das principais cidades brasileiras nas novas formas de moralização dos espaços.

Andar nas ruas e praças ganha novos significados e valores na memória urbana, desta forma as “elites” passam a construir novos lugares de sociabilidade nos locais de movimentação e lazer. O hábito francês do caminhar nas avenidas se incorpora na idealização da cidade moderna, das calçadas e bulevares, contrastando com a realidade social e cotidiana dos becos e cortiços. Daí a necessidade em alargar as ruas, afastar os “pobres” do centro, criar novas praças e avenidas em nome do progresso capitalista.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

"O POVO AUMENTA MAS NÃO INVENTA": NARRADORES DE JAVÉ


Em muitas de minhas andanças(Trekking)pela serra e sertão de Ipu e região costumo fotografar e anotar as memórias e histórias mais interessantes dos lugarejos. Contos e lendas dos tempo da escravidão, Lobissomens, "botijas amaldiçoadas"e tudo mais. É comum o praticante de Trekking está muito próximo das narrativas dos homens anônimos das estradas e lugarejos. Ainda mais eu que sou um historiador e apreciador dos locais simples de minhas terra. Daí então o Trekking ter se encaixado como uma ferramenta a mais em minhas pesquisas.

No filme chamado "Narradores de Javé" há uma rápida passagem de um destes típicos locais que encontramos estrada a fora. Inicia-se com um jovem e seu mochilão correndo para pegar o último barco. Não conseguindo, o mesmo resolve se dirigir a um pequeno boteco em busca de abrigo. E neste mesmo local fica a observar e ouvir as narrativas e memórias daquelas simples pessoas de um povoado antes conhecido como Javé. É aqui onde quero chegar,ou seja, falar de um dos filmes brasileiros mais interessantes que assisti e que costumo passar para meus alunos do ensino Médio e Faculdade.

NARRADORES DE JAVÉ : o filme

NARRADORES DE JAVÉ, produzido no Brasil, por Bananeiras Filmes, em 2003; escrito e dirigido pela brasileira Eliane Caffé. Os críticos de cinema o descrevem como uma comédia dramática, baseada em fatos jornalísticos. Tendo como principais atores: José Dumont, atuando como Antônio Biá, o escrevedor das memoriais orais do povo. Nelson Xavier, como Zaqueu,um dos lideres da comunidade de e narrador da história de Javé anos após o “acontecido”. O filme conta com muitos outros personagens, destaco estes, pois a análise que farei estará centrada, basicamente nestes dois personagens: Antonio Biá e Zaqueu.

O filme inicia com Zaqueu, narrando a história da cidade de Javé , anos depois desta ser inundada pela represa. A história que Zaqueu conta aconteceu no sertão da Bahia, estando a comunidade de Javé ameaçada por uma inundação da hidrelétrica, construída na região. Para tentar impedir está tragédia, os moradores do povoado resolveram escrever sua história e tentar transformá-la em patrimônio histórico, a ser preservado. Essa história tinha que ser escrita através de um documento científico: um dossiê. Mas quem poderia escrevê-la? O único adulto da comunidade, alfabetizado e bom nas “escrituras” era Antônio Biá (José Dumont).

Foi ele o escolhido para escrever este documento “científico”, embora a comunidade de Javé, não confiasse nele. O povo o chamava de “sacanajeiro, enganadô”. Porque as pessoas de Javé o chamavam assim? Zaqueu conta, que no passado ele, o Biá usou do poder da escrita para enganar as pessoas. Ele era funcionário do único Posto de correios da cidade. Por ser uma comunidade não-alfabetizada, o correio passou a ser um local, quase sem função social, as pessoas não utilizavam a tecnologia da escrita no seu cotidiano. Antônio Biá, percebe a ameaça de ficar sem seu emprego, pois o correio estava para ser fechado, pela ausência de uso da escrita.

Então, ele cria a estratégia para não perdê-lo. Passa a escrever cartas para outras localidades, em nome das pessoas do Vale de Javé.. Fofocas eram o conteúdo das cartas, como bem relata Zaqueu:“Ele aumentava os fatos acontecido, com malícia e difamando. Mas tudo era feito com graça e sapiência do ofício de escrever”. Ao ser descoberta sua farsa, foi expulso do centro deste vilarejo. Mas a mesma comunidade que o expulsou, a tempos atrás, naquele momento, precisava de “seus serviços”. Zaqueu ,afirma que ele teria que escrever o documento cientifico de Javé, pois ele é tido com um bom escritor: “Se Antônio Biá escreve mentira, escreve muito bem!!! E para fazê um dossiê, tem que fazê uma juntada de escrita das coisas que aconteceram por aqui...Ouvindo a nossa gente contando pela boca, a história verdadeira, a científica.”

Depois dessas declarações, Antônio Biá foi obrigado a aceitar o cargo de escrevedor. O povo passa, a contar, narrar as memórias orais, na esperança de salvá-los da moderna tecnologia, a hidrelétrica, que fará o povoado desaparecer nas águas.

O escrevedor de memórias já estava contratado, urgentemente, ele precisava ouvir os relatos das memórias, das histórias orais feitas pelos narradores de Javé, isto é, os moradores e as moradoras deste Vale. Nesta fase, do filme Biá passa visitar as casas dos moradores e pedir-lhes que conte os fatos acontecidos: “Conte as lembranças Javélicas, históricas e pré-históricas para gente por no livro a odisséia do Vale de Javé”, falava o sacanajeiro!

Javé e seu povo. Eles e elas, moços e moças, crianças, velhos, velhas, mulheres e homens, negros e negras, em sua maioria; poucos brancos e muitos mestiços, todos nordestinos; se diziam esperançosos/as ao narrarem as memórias de sua Javé. Histórias contadas de várias versões, enredos, e cenários; desde guerreiros e guerreiras, heroínas e heróis, mendigos homens sofredores de “dor de corno”. Tinha até quem dissesse que os “Javélicos e Javélicas” vieram da África. Apesar desta variedade de fatos e de versões, o fundador da cidade, o Javélico Indalécio e Mariadina, sempre apareciam nas prosas das autonarrativas do Vale.

A história da vida deste povoado é a história das narrativas que ouviram, viram, e quase nada escreveram. A cada narrador uma outra história. A mesma Javé tinha sentidos diferentes, tanto para aquele que contava, quanto para aqueles/as que ouviam. Produzindo assim, multiplicidade de histórias e diferentes efeitos de sentidos. Somos, constituídos e atravessados pelas nossas histórias e pelo que narramos delas. LARROSA (1996), diz que a auto-narrativa é um dos lugares que a pessoa ocupa provisoriamente para si mesmo, com a presença de sua própria voz.
Como já referi anteriormente, Antônio Biá, passa a ser o escrevedor das memórias do povoado, o único adulto alfabetizado da comunidade. E Antônio Biá passa a ter o papel de transpor para o papel as falas do Vale de Javé.

Do resumo de Sônia Regina da Luz Matos ( Narradores de Javé: o filme)
Professora da Universidade de Caxias do Sul- RS Centro de Filosofia e Educação

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

POESIA TREKKING: O "EU" CAMINHANTE


Foto: Petrus Trekking (Estrada que leva a trilha do Regalo em Ipu)

O “eu” caminhante...

Às vezes tenho vontade de sumir
De percorrer caminhos inóspitos...
Assim,poder sentir o brilho do sol mais intenso

Olhar o azul do céu por sobre as montanhas
Deixar o vento secar minhas lágrimas
E varrer da lembrança os sonhos perdidos

Às vezes tenho vontade de gritar bem alto
Dizer a todos o que vi na estrada
O que sinto ao tocar o chão...

Não quero falar somente das pedras
Das noites frias em silêncio
Das ilusões dos homens em prece
Insinuosas trilhas do destino...

Não, eu vou seguir sozinho
A luz que traz o eu caminhante
Andarilho de mim mesmo...

Quero aprender com o mundo
O que não me ensinaram
Sentir meus próprios passos
Olhar adiante e seguir sorrindo.

22/01/2011
Petrônio Lima (Petrus Trekking)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

MARIGHELLA: O MULATO REVOLUCIONÁRIO


Entre o "fuzil" e sua grande paixão pelos estudos e a poesia

Você que nunca ouviu falar no líder guerrilheiro "Carlos Marighella" vai agora conhecer um pouco de sua história e certamente nunca mais esquecerá o seu nome. Um simples mulato baiano que fez tremer de medo os generais da Ditadura Civil Militar no Brasil entre os anos de 1964 até 1969. Filho de uma negra baiana com um anarquista italiano, herdou o amor pela liberdade e democracia. Um verdadeiro exemplo de luta pelo o povo brasileiro. Foi político e militante fundador da ALN, assassinado durante o golpe de estado do governo militar brasileiro, que manteve o poder entre 1964 e 1985. Vejamos então o depoimento de seu filho Carlos A. Marighella. O vídeo relata o momento mais obscuro da história nacional, gravado para a novela Amor e Revolução do SBT.



UM POUCO DE SUA HISTÓRIA

Entre os revolucionários que integraram a resistência armada à ditadura instalada no Brasil com o golpe militar de abril de 1964, Marighella foi reconhecidamente uma das lideranças mais destacadas.

A quatro de novembro de 1969, em uma emboscada preparada pelo facínora delegado Sergio Fleury em São Paulo, Carlos Marighella foi friamente assassinado. Este fato, negado insistentemente pelas autoridades policiais e militares, foi finalmente reconhecido pela Comissão especial de Mortos e Desaparecidos do Ministério da Justiça, em 11 de setembro de 1996.

Carlos Marighella era o comandante da resistência armada à ditadura militar mais procurado pelos órgãos de repressão naquele momento. Incansável lutador, não dava trégua ao regime, desmascarando-o a todo instante.

Experiente dirigente comunista, começou a militar no PCB aos 18 anos na Bahia. Sua atividade sempre foi caracterizada por uma grande capacidade política (foi membro da Comissão Executiva do PCB desde 1952), por seu entusiasmo e combatividade. Foi preso várias vezes, sofrendo bárbaras torturas, como em 1939, em São Paulo, quando seus pés foram queimados com maçarico sem, no entanto, fornecer qualquer informação aos torturadores da repressão política. Em 1945 foi libertado com a anistia; em 1946 eleito deputado constituinte, cassado em 1947 com a ilegalidade do PCB. Em 1948, com a repressão instaurada pelo governo Dutra, passou à clandestinidade, na qual ficaria até seu assassinato em 1969.

Em maio de 1964 foi preso dentro de um cinema na Tijuca (Rio de Janeiro) mas, sempre resistindo, denuncia a ditadura, dá vivas à democracia e ao Partido Comunista, quando foi atingido por uma bala no peito. O episódio foi descrito em seu livro “Por que resisti à prisão”.

“Minha força vinha mesmo era da convicção política, da certeza (...) de que a liberdade não se defende senão resistindo”.

Essa sua postura ideológica de enfrentamento teve efeitos importantes na luta interna em curso dentro do PCB. De 1964 a 1967, suas divergências com o partido aumentaram e culminaram com o rompimento.
Em 1967 cria a Ação Libertadora Nacional (ALN), organizando a resistência armada à ditadura. Em fevereiro de 1968, foi divulgado o Pronunciamento do Agrupamento Comunista de São Paulo que expôs os motivos da cisão e que resultou na formação da ALN; e já naquele ano começaram as primeiras ações armadas da organização.

Em setembro de 1969, poucos dias após uma junta militar impedir a posse do vice-presidente Pedro Aleixo e assumir o poder (o golpe dentro do golpe), a ALN e o MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) realizam o seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, que possibilitou a libertação de vários presos políticos e a denúncia da ditadura em manifesto divulgado pelos meios de comunicação, inclusive a televisão.

O exemplo de Marighella, independentemente de avaliações das posições e práticas políticas que defendeu, empolgou jovens e velhos revolucionários, e foi sem dúvida uma das maiores expressões da luta contra o regime militar. Foi declarado inimigo número um pela ditadura, que contra ele desencadeou uma caçada implacável que culminou na emboscada na alameda Casa Branca (São Paulo) quando foi assassinado, em 4 de novembro de 1969.

O POETA DA LIBERDADE

Carlos Marighella, herói do povo brasileiro, demonstrou sua paixão pela vida, pela justiça e pela liberdade também por meio de poemas. Aliás, sua primeira prisão se deu por conta de um poema em que criticou o interventor Juraci Magalhães na Bahia. Marighella escrevia poesias desde os bancos da escola, onde surpreendeu professores ao fazer uma prova de Física em versos. Escreveu poemas revolucionários, evocativos e líricos, como classifica Clóvis Moura, para quem, “o saldo de seus versos – sem entrarmos em considerações de avaliação de crítica literária – é revelador de uma personalidade desafiadora em todos os ramos da atividade, de uma instigante figura de homem que, pela sua natureza desafiadora deu a sua vida como último poema que escreveu em defesa da dignidade humana: um legado de beleza heróica”.


LIBERDADE

Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.
Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome”

São Paulo, Presídio Especial, 1939.

Fonte:Reproduzido dos Boletins do CeCAC de novembro de 1996 e novembro de 1997.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

PROJETO DE LEI QUE PUNE A VIOLÊNCIA CONTRA O PROFESSOR


A Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 267/11, da deputada Cida Borghetti (PP-PR), que estabelece punições para estudantes que desrespeitarem professores ou violarem regras éticas e de comportamento de instituições de ensino. Em caso de descumprimento, o estudante infrator ficará sujeito a suspensão e, na hipótese de reincidência grave, encaminhamento à autoridade judiciária competente. A proposta muda o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) para incluir o respeito aos códigos de ética e de conduta como responsabilidade e dever da criança e do adolescente na condição de estudante.

Fonte: Sobral de Prima

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Do Muito e do Pouco (Oswaldo Montenegro / Zé Ramalho)

Grande Oswaldo Montenegro e Zé Ramalho leva a gente a refletir sobre a vaidade e a mediocridade humana.É um tapa na cara dos "políticos" e falsos administradores do nosso Brasil. Leia e comente a letra abaixo...Fique a vontade, o espaço é seu!!!



Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois
Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois

É muito quadro pr'uma parede
É muita tinta pr'um só pincel
É pouca água pra muita sede
Muita cabeça pr'um só chapéu

Muita cachaça pra pouco leite
Muito deleite pra pouca dor
É muito feio pra ser enfeite
Muito defeito pra ser amor

É muita rede pra pouco peixe
Muito veneno pra se matar
Muitos pedidos pra que se deixe
Muitos humanos a proliferar

Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois
Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois

É muito quadro pr'uma parede
É muita tinta pr'um só pincel
É pouca água pra muita sede
Muita cabeça pr'um só chapéu

Muita cachaça pra pouco leite
Muito deleite pra pouca dor
É muito feio pra ser enfeite
Muito defeito pra ser amor

É muita rede pra pouco peixe
Muito veneno pra se matar
Muitos pedidos pra que se deixe
Muitos humanos a proliferar

Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois
Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Como ajustar a mochila para Trekking

Olá pessoal!...O nosso Blog tem a honra de trazer algumas dicas interessantes do recém criado clube de aventuras "Calangos Trekking" de Ipu. Trata-se de um vídeo que mostra como ajustar a mochila adequada para a prática da caminhada de média e longa distância ou em montanhas.



OUTRAS DICAS NA ESCOLHA DA MOCHILA PARA CAMINHADAS

•Uma mochila é como uma peça de vestuário: certifique-se de que não fica muito grande e desajustada em seu corpo
•Uma mochila grande significa, provavelmente, uma carga grande e só pode ser usada por pessoas experientes na prática do Trekking ou caminhadas mais longas. Geralmente são utilizadas somente para quem vai pernoitar por mais de um dia
•As mochilas que abrem como concertinas são mais volumosas e podem colocar o seu corpo numa má posição
•Nas mochilas que não possuem costas rígidas há uma maior concentração da carga no fundo (pense num saco de batatas)
•Não se esqueça que o peso da mochila vazia influencia o peso da mochila cheia
•Escolha alças largas e almofadadas
•Tente encontrar uma mochila com um cinto
•Escolha uma mochila que também tenha uma pega resistente e fácil de agarrar

Utilizar uma mochila:

•As mochilas devem encher-se em altura em vez de em largura
•Encha a mochila começando pelo fundo rígido e pelos objectos maiores e mais pesados, acrescentando depois os mais pequenos e mais leves
•Para pôr a mochila às costas, coloque-a primeiro numa mesa, dobre os joelhos (não a coluna), coloque as alças e mantenha a carga próximo de si
•Uma mochila deve sempre ser usada nas duas alças
•Garanta que as alças ficam bem ajustadas
•Garanta que o cinto está a ser utilizado e que está bem apertado
•A parte rígida da mochila deve senmpre ser usada junto às costas
•O fundo da mochila não deve ultrapassar a cintura
•Desde que não esteja muito pesada, a mochila pode também ser carregada à mão

Nunca:

•Utilize a mochila num só ombro
•Carregue a mochila com material desnecessário
•Apanhe uma mochila rapidamente
•Corra com a mochila às costas
•Puxe a mochila de um amigo, enquanto ele a traz às costas

Fonte> Blog Calangos: Trilhas e Camping de Ipu

sábado, 14 de janeiro de 2012

HISTÓRIA - A ARTE DE INVENTAR O PASSADO


Foto: Alex Régis. Na fotografia o Historiador Durval Muniz

Era de profissão encantador de palavras.
Manoel de Barros1

Durval Muniz de Albuquerque Júnior é de profissão historiador, o que não o impede de ser também um 'encantador' de palavras. História. A arte de inventar o passado, seu último livro, é uma coletânea de artigos sobre teoria da história articulados a partir de uma temática central: as diferentes formas de se pensar e de se escrever a história. Tarefa em geral árdua, ela é aqui tratada de modo rigoroso mas, ao mesmo tempo, sem a severidade de quem apenas quer dar lições. Como Michelet, Durval Muniz em vez de simplesmente redigir, escreve.2 Escrita audaciosa, provocativa, criativa e elegante, não diria, contudo, que ele escreva com uma "linguagem de em dia-de-semana", como suplica um 'famigerado' personagem de Guimarães Rosa.3 Mas que ele nos conduz para o terreno 'nebuloso' e 'temerário' da arte literária, disso, não tenho dúvida. Cuidado, historiadores! Durval Muniz, tal como Foucault, é um desses 'sujeitos' perturbadores da boa ordem científica, desses que se colocam entre o sono dogmático e a vigília epistemológica 'só' para provocar a polêmica.

Prefaciada por um historiador da história, Manoel Salgado Guimarães, que ressalta o papel da obra no conjunto da produção historiográfica brasileira recente e o percurso intelectual do autor, o livro divide-se em três partes: na primeira é discutida a relação entre história e literatura; após, uma seção inteira dedicada à obra de Michel Foucault; e, por fim, uma reunião de artigos variados. Esses textos, quase todos curtos — o que não subtrai sua capacidade argumentativa —, são antecedidos por uma introdução na qual Durval Muniz procura problematizar e inserir no contexto contemporâneo a noção-chave do título — 'invenção': "A História possui objetos e sujeitos porque os fabrica, inventa-os, assim como o rio inventa o seu curso e suas margens ao passar. Mas estes objetos e sujeitos também inventam a história, da mesma forma que as margens constituem parte inseparável do rio, que o inventa", explica-nos ele com auxílio de uma analogia baseada em conto das Primeiras estórias.4

Ainda nessa parte introdutória, o autor debruça-se sobre outros aspectos relacionados à questão, entre os quais a divisão artificial entre a perspectiva cultural e a social. Eu gostaria de chamar atenção, entretanto, para uma outra dimensão que pode passar desapercebida em uma primeira ou rápida leitura: a da 'evidência' da história; 'evidência', palavra mais próxima da retórica e da filosofia que da história. Para Durval Muniz a idéia de que "os fatos se impõem ao historiador como evidência" é uma falácia, na medida em que ele dissimula o trabalho de construção não apenas do documento histórico mas também da própria escrita da história (p.32, 35).

O autor inscreve-se assim em um momento reflexivo que a própria disciplina vem atravessando na última década, como bem demonstra um livro recente de François Hartog, cujo objetivo também é o de questionar a suposta evidência da história.5
Os artigos que compõem a primeira parte podem ser lidos como uma tentativa de fraturar a clássica oposição entre literatura e história. O autor busca dissolver a certeza manifesta do 'evidente' desencontro entre literatos e historiadores: "meu objetivo não será separar a História da Literatura, não será encontrar seus limites e suas fronteiras, mas articulá-las, pensar uma com a outra" (p.44). De Clarice Lispector, passando pela hilária dupla Bouvard e Pécuchet, de Flaubert, pelo sisudo Kafka, chegando ao desconcertante poeta Manoel de Barros, Durval Muniz atinge plenamente seu propósito: ele os articula e os pensa, e de forma extremamente inovadora. Não imaginemos, entretanto, que estejamos diante de um "culto ao texto", isto é, que nada existiria fora dele, que a realidade textual seria a promotora incontestável de toda a revelação e verdade sobre as coisas pretéritas.6 Um estudo sobre os diferentes modos de os historiadores servirem-se da linguagem não significa, necessariamente, a queda em perspectivas negadoras da possibilidade do conhecimento.7'Inventar' e 'imaginar' são verbos que fazem parte das metodologias silenciosas, ou silenciadas, da historiografia: "a interpretação em História é a imaginação de uma intriga, de um enredo para os fragmentos de passado que se têm na mão", todavia, ressalva importante, "isto não significa esquecermos nosso compromisso com a produção metódica de um saber, com o estabelecimento de uma pragmática institucional, que ofereça regras para a produção deste conhecimento, pois não devemos abrir mão também da dimensão científica que o nosso ofício possa ter" (p.63-64). O autor chega mesmo a falar nos limites impostos pelo "nosso arquivo" (o pronome possessivo preserva a primeira parte, enquanto o arquivo preserva a segunda; p.64). Trata-se de uma resposta prévia à provável objeção de um pós-modernismo-relativista do qual devemos manter as crianças afastadas? Talvez. O certo é que Durval Muniz sabe ser doutor quando quer. Mesmo optando em situar sua produção em um discurso sobre a pós-modernidade (sinceramente não sei qual razão o leva para esse debate, ainda um embate de grandes narrativas, que visam mais desqualificar o outro do que contribuir para um entendimento sociocultural do mundo em que vivemos), o autor deixa claro que não rompeu com os princípios da 'operação historiográfica' de um autor que lhe é caro, Michel de Certeau.8

Consagrada aos trabalhos de Foucault, a parte seguinte do livro é composta de seis capítulos. No primeiro desses estudos, o autor nos apresenta um estudo comparativo entre o Menocchio de Ginzburg e o Rivière de Foucault. Através de uma consistente crítica ao historiador italiano, Durval Muniz demonstra como seu personagem "termina se explicando pelo contexto mesmo em toda sua singularidade", enquanto no dossiê organizado por Foucault acerca de Rivière a preocupação não é a de explicar suas palavras e os atos, "mas como estas palavras e estes atos foram silenciados" (p.105). O capítulo seguinte tem por objetivo analisar a obra de Foucault, de certa forma, à luz do próprio Foucault, quer dizer, como suas pesquisas relacionam-se com sua existência, com seus costumes, de onde o autor extrai a idéia nietzschiana de que o pensamento do francês deve ser mais do que discutido, usado. A reflexão seguinte relaciona-se à noção de experiência em Foucault confrontada àquela de Edward Thompson. Para Durval Muniz, enquanto o filósofo evita essencializar as experiências históricas ao negar-lhes um caráter tão-somente fundante, o historiador inglês as limita, em última instância, a serem efeitos fundacionais das classes sociais. Os dois estudos que se seguem procuram analisar, sempre a partir de Foucault, a questão do objeto em história, e a importância do 'jogo' na história (o exemplo explorado pelo autor não podia ser mais apropriado: o futebol) e sua correlata desconsideração pela historiografia como resultado de uma luta de poder.9 Por fim, uma homenagem a Foucault, um homem que "morreu de rir", dele (da doença que o vitimou, por exemplo) e dos outros, sobretudo dos poderes instituídos (p.193).

Destacaria, nos ensaios esparsos, a crítica de Durval Muniz à história oral. A conversão do oral em escrito, que anula significativamente a manifestação gestual e as emoções do ato de fala, a possível interferência do roteiro e, finalmente, a presença mesma do historiador-entrevistador como personagem da entrevista, são algumas da questões levantadas pelo autor, que não chega a investir em respostas mais aprofundadas. Sua relativa desconfiança (pois não há uma desconsideração pelos avanços realizados por inúmeros pesquisadores nesse campo) em relação às possibilidades da história oral, segundo ele "indefinida entre uma técnica, um método, uma postura teórica", leva-o a se perguntar: "terá ela conseguido converter a derrota histórica das oralidades para a escritura?". Não lhe parece: "até porque ela seria um agente infiltrado, que continua em busca dos segredos dos que falam para escrevê-los, tornando-os documentos, inscrevendo-os como monumentos" (p.234). Acredito que mais do que simplesmente provocar os historiadores da história oral, Durval Muniz busque no debate produtivo com esses profissionais respostas às suas inquietações, pois para ele, o que temos no final é "a reafirmação do poder dos que escrevem, dos que dominam a escrita sobre os que falam, os que apenas verbalizam seus conhecimentos, suas experiências. A história é mais um artefato que reafirma a dominação dos que escrevem sobre os que falam" (p.233). Convenhamos, não é todo sujeito com o dom da escrita que reconhece isso...

Finalmente, tentando não deixar passar em branco aquele que, em minha opinião, é o texto mais sensível e poético de Durval Muniz neste livro, sua homenagem a um grande amigo,10 eu me permito uma 'invenção' (como os discursos de Tucídides!), ainda que parcial:

Paris, maio de 1961: "Para falar da loucura seria preciso ter o talento de um poeta", conclui Michel Foucault depois de deslumbrar o júri e a platéia com a brilhante apresentação de seu trabalho. "Mas o senhor o tem", responde Georges Canguilhem. Campinas, abril de 1994: "Para falar da invenção do Nordeste brasileiro seria preciso ter o talento de um poeta", assim Durval Muniz de Albuquerque Júnior poderia ter concluído a exposição inicial de sua tese, e Alcir Lenharo, seu orientador, poderia ter respondido: "Mas o senhor o tem". E quem poderia afirmar o contrário?11

Fonte de pesquisa:(Temístocles Cezar.Pesquisador do CNPq – Depto. de História — Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Av. Bento Gonçalves, Porto Alegre – RS – Brasil. t.cezar@ufrgs.br


NOTAS
1 BARROS, Manoel de. Gramática expositiva do chão. Rio de Janeiro: Record, 2007. p.17. [ Links ]
2 BARTHES, Roland. Le bruissement de la langue. Paris: Seuil, 1984. p.244-245. [ Links ]
3 ROSA, Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Oympio Ed., 1981. p.11. [ Links ]
4 ALBUQUERQUE Jr., 2007, p.29; ROSA, Guimarães. "A terceira margem do rio", em ROSA, 1981, p.27-32. [ Links ]
5 HARTOG, François. Évidence de l'histoire. Ce que voient les historiens. Paris: Éd. de l'EHESS, 2005. [ Links ]
6 FAYE, Jean Pierre. Théorie du récit, 1972, p.130, [ Links ]citado em HARTOG, François. Le miroir d'Hérodote. Essai sur la représentation de l'autre. Paris: Gallimard, 1991. p.321. [ Links ]
7 É o caso do trabalho de R. Koselleck, assim definido por Hayden White: a "história da historiografia, na visão de Koselleck, é a história da evolução da linguagem dos historiadores". WHITE, H. Foreword. In: KOSELLECK, R. The practice of conceptual history. Stanford: Stanford University Press, 2002. p.XIII. [ Links ]
8 CERTEAU, Michel de. L'écriture de l'histoire. Paris: Gallimard, 1975. p.63-120. [ Links ]
9 "Chega de ensaios racionalistas que, como diria Nietzsche, mal escondem o seu rancor e sua demagogia". CERTEAU, 1975, p.178.
10 "Íntimas histórias: a amizade como método de trabalho historiográfico", ibidem, p.211-217.
11 ERIBON, Didier. Michel Foucault. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p.117; [ Links ]ALBUQUERQUE Jr., Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 1999. p.9. [ Links ]

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O POETA ALBERTO ATIVISTA - A CAMINHADA


Foto: Alberto Aragão (O poeta Alberto Ativista)

Por mais que a mídia brasileira tente mostrar os "jovens dos guetos" de forma "não preconceituosa" e simplista, ela de fato ainda teima em reproduzir esteriótipos sobre a periferia brasileira como o lugar somente de "marginais", "prostitutas" e "ignorantes". Por outro lado, muitos jovens trabalhadores e inteligentes da periferia utilizam-se da escrita poética como sua verdadeira "arma" de libertação.

É com maior prazer que divulgo nesse Blog o trabalho de meu amigo e conterrâneo Alberto Aragão, o poeta das ruas e da realidade dos guetos do Rio de Janeiro e do nordeste brasileiro. Um cearense que faz da sua caminhada poética um sopro de esperança e conhecimento. Vejamos então os escritos abaixo que o mesmo enviou para o meu email sobre o seu futuro livro: ALBERTO ATIVISTA - A CAMINHADA.

Alberto Ativista está escrevendo seu livro intitulado ALBERTO ATIVISTA
- A CAMINHADA. Com participação de Lucky Poesia Gangster, o livro trará até o público poemas, textos, frases, reflexões... Que farão o leitor refletir sobre variados temas.Uma literatura abrangente e original que saciará o desejo dos leitores
de boa informação, com idéias conceituadas e compromisso em cada
palavra.

Sem maquiagem, e com palavras claras e originais, que retratam o
cotidiano não só brasileiro, mas mundial. Cultura para nós é fôlego de
vida, e não haverá revolução sem arte e participação popular.

A leitura é a ferramenta mais importante para a construção de uma
sociedade igualitária, pois um povo sabio, ciente de seus direitos,
não aceita nenhum tipo de manipulação. A maior arma de um ser humano é
o conhecimento, e sua busca precisa ser constante.

Confiram o video chamada do livro ALBERTO ATIVISTA - A CAMINHADA.

http://www.youtube.com/watch?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

NA NATUREZA SELVAGEM - O FILME


NA NATUREZA SELVAGEM - O FILME

Odeio quando alguém me conta o final de um filme ou livro. Não precisa nem ser uma obra que eu tenho interesse em conhecer! Acho uma deslealdade e um desrespeito com o autor, o diretor, todo mundo envolvido na produção... Tanto trabalho para alguém simplesmente reduzir tudo em poucas sentenças de improviso. Quem cria quer, pelo menos, ser prestigiado.

Não é essa minha intenção com esse texto. Não quero contar a história do filme Na Natureza Selvagem, nem descrever o óbvio, presente em quase todas as resenhas... Que o filme é bom, que o diretor é sensível (o famoso Sean Penn), que a história é muito bem escrita (pelo talentoso Jon Krakauer, autor também do livro No Ar Rarafeito), que o elenco é primoroso, que a trilha sonora é fantástica, que a fotografia é sensacional...

Gostaria de explicar porque gosto tanto desse filme... Por que é muito mais que um filme de um livro, é um filme sobre vários livros e as idéias que eles representam.

Não coincidentemente, eu li todos os principais autores citados no filme... Leon Tolstoi, Jack London e Henry Thoreau... Conhecer o trabalho desses pensadores é essencial para entender a história e a mensagem do filme. E que me desculpem os iletrados de plantão, que acham que Internet e Hollywood bastam!

Mas qual mensagem é essa, afinal?

O mais óbvio, que todo mundo percebe imediatamente, é que o personagem é revoltado com o mundo que o cerca, representado por seus pais. Ele não quer fazer parte da sociedade de consumo, busca a essência da vida e a verdade das coisas, escolhe o caminho comum aos espíritos inquietos: a estrada, o movimento, o mundo.

Mas não qualquer estrada. Não se trata de um road movie, mas de um filme outdoor... Vários passos antes na evolução dos caminhos, já que toda estrada um dia já foi uma trilha. Esse é um filme sobre trilhas, no sentido de “caminhos na natureza”. Coincidentemente, minha especialidade!

Leon Tolstoi, Jack London e Henry Thoreau eram espíritos inquietos, criativos, destemidos, que não se contentaram com o mundo que lhes foi apresentado (mesmo em uma bandeja de prata, como aconteceu com os três). Todos eles escolheram o caminho da natureza para buscar suas verdades, cada um no seu estilo, cada um atrás de a sua própria verdade. Por que eles se tornaram famosos, respeitados e, como acontece no filme, copiados mesmo séculos depois? Porque a verdade que eles encontraram é universal e, portanto, comum a todos os seres humanos, sempre.

Leon Tolstoi preferiu viver no campo, com mujiques (lavradores russos pré-revolução Bolchevique) e mesmo já sendo um escritor famoso, rico e mundialmente respeitado, humildemente aprendeu muito com os homens da terra. Jack London tentou ser garimpeiro no Alasca e viu a natureza como algo cheio de humanidade e a humanidade como algo natural. Henry Thoreau enxergou o câncer na sociedade de consumo antes mesmo dela existir como conceito, afastou-se momentaneamente da sociedade e viveu um período recluso, auto-suficiente e alheio a tudo que não fosse natural. Todos os três escreveram excelentes livros que até hoje (como fica claro no filme) influenciam vidas.

O protagonista do filme mistura muito bem esses três autores e suas visões do mundo na sua história... A firme moralidade de Leon Tolstoi, como quando ele se recusa a seduzir uma linda jovem apaixonada por ele... A bússola e a intrepidez de Jack London, ao decidir viver sua experiência de contato intenso com a natureza no Alasca ou descer o Rio Colorado em um caiaque... A técnica de Henry Thoreau, ao se preparar para viver de suas próprias e limitadas habilidades e daquilo que a natureza oferece, ser auto-suficiente, independente e autônomo, usando essa experiência como grande aprendizado de vida.

Mas vejo fortes influências religiosas no filme também, ou espirituais, que algumas pessoas vão associar a Jesus Cristo, Buda, Alá ou qualquer outro intérprete oficial dos mistérios da vida. “Felicidade só é verdadeira quando compartilhada”, escreve o protagonista do filme nas cenas finais. Tolstói e Thoreau , cada um ao seu modo, também enxergaram isso. O primeiro fundando uma comunidade “hippie” um século antes do movimento existir, o segundo produzindo livros com “fórmulas” de libertação de uma sociedade de consumo que transforma consumidores também em produtos.

O título do filme (e do livro) traz um excelente resumo filosófico da história: a natureza é selvagem e, portanto, viver nela exige atenção e cuidados especiais. Não somos muito diferentes de qualquer outro animal. O que nos difere dos outros bichos não é necessariamente o que nos separa deles. Somos capazes do raciocínio, mas desde que deixamos de ser caça, não conseguimos abandonar a mentalidade de predador.

Selvagem não é sinônimo de ruim. A natureza não é ruim. Nosso despreparo no convívio com ela é que pode ter consequências indesejáveis e irreversíveis. Isso fica claro no filme. Muita gente pode até acreditar que essa é a mensagem final, a grande moral da história. Mas não é.

Viver de acordo com suas verdades e ter sempre a humildade de ser um aprendiz na vida, buscando as verdades mais sutis, com esforço e comprometimento, eu acho que é a grande mensagem. O próprio protagonista do filme diz isso, sem pudor, a outro personagem, já idoso, incitando-o a “voltar a viver”. E o velhinho sobe uma montanha na sequência. Essa é outra mensagem do filme: no conforto artificial de nossas casas e cidades, longe da “natureza selvagem”, não existem verdades universais, tudo é controlado, modificado e vazio de conteúdo.

Viver (e por que não, morrer, já que todos nós caminhamos para esse fim, cada um no seu ritmo) na busca das grandes verdades comuns a todos é viver uma vida rica e completa. Os acomodados não vivem – eu já escrevi isso em outra ocasião – simplesmente “dão expediente na Terra”.

Outra coisa que me impressiona muito no filme é a pesquisa por trás dele... Imagino que Jon Krakauer tenha trabalhado duro como detetive, para costurar toda a trama do enredo, descobrir detalhes da andança do protagonista da história. Imagino o quanto ele se envolveu com os personagens reais, já que a história é baseada em fatos verídicos. Imagino o quanto ele não aprendeu durante esse processo.

Sempre que assisto a esse filme (tenho uma cópia em casa), penso em fazer uma peregrinação ao Magic Bus... Alguém topa?

Fonte: Clube da Aventura KALAPALO

O QUE ESPERAR DE 2012?


Um texto mais que reflexivo, escrito por Maria Isabel Carapinha

Muitas são as indagações que me fazem em meu consultório a respeito de 2012!
Alguns comentários são apavorantes, outros estimulantes, mas o que seu coração lhe diz sobre isso?
Cada vez mais temos que procurar a harmonia e o bem-estar como forma de vida, independente do que virá e se estabelecerá.
Na minha ótica de radiestesista, o 2012 já é hoje para aqueles que estão em busca de transformação pessoal.

Vejo como um tempo maravilhoso onde tudo se concretizará de acordo com seus desejos e anseios pessoais, mas -e sempre o mas- tudo isso será sentido e realizado por aqueles que estiverem em plena harmonia consigo mesmos, com sua família, com seus relacionamentos e com o aspecto mais importante de todos: o seu lado espiritual.

Os relacionamentos se apresentam hoje de forma desastrosa, o interesse pessoal se sobrepõe ao amor, ao companheirismo, ao amor incondicional. O que significa amar de fato sem nada esperar de volta?

As relações empresariais atingiram o caos total, o ser humano deixou de existir, importando apenas os resultados; as grandes fusões comerciais causam o massacre nos que estão e para os que vieram; todos se tornam inimigos e lutam com unhas e dentes por um espaço.

Muitas destas pessoas estão há muito estabelecidas e sentem uma enorme ameaça e instabilidade e o pior de tudo é que por estarem há muito tempo vivendo na zona de conforto, nem ao menos sabem como lidar com tudo isso.

O passo seguinte é a instalação do medo em suas vidas e quando este sentimento toma conta, a desarmonia se instaura em todos os aspectos.Sentimos medo de solidão, de falta de dinheiro, de doença, nos sentimos ameaçados e abandonados!Isso tudo pode deixar de existir em sua vida, como um passe de mágica à medida que você trabalhar seu equilíbrio pessoal.

A Radiestesia é uma das ferramentas mais importantes no que diz respeito a harmonizar sua vida. Ela trabalha todos os aspectos, incluindo freqüências vibratórias mais sutis e uma vez que este equilíbrio o estabiliza, você sentirá de forma latente que tudo vem parar na sua mão quando você precisar.

A sincronia com o Universo só é obtida quando há a concretização da harmonia pessoal, pois vibramos em sintonia com o Todo.

O equilíbrio pessoal desenvolverá sua cognição, seu amor-próprio e sua firmeza de propósito ou poder pessoal.
O equilíbrio pessoal lhe propiciará estabelecer e manter relacionamentos saudáveis e obter o máximo de satisfação com o que faz.

O equilíbrio promove uma completa interação entre sua mente e seu corpo físico, ou seja, você se torna senhor de sua vida, você a constrói a partir de cada pensamento e desejo emanado.

O equilíbrio pessoal promove ainda a interação entre as pessoas, ou seja, de maneira clara identificamos o estado emocional da outra pessoa e conseguimos entender e compreender o que acontece, e a implicância neste momento é colocada de lado.
Esta transformação da Era de Peixe para a Era de Aquários que se concretizará em 2012 se faz presente a cada momento em nossas vidas e, para aqueles que já se encontram na busca do equilíbrio pessoal, as mudanças em suas vidas se tornam claras e evidentes a cada dia, é querer e concretizar!

Iniciamos uma era de transformação vibracional, onde o caos já se instalou e agora o que tem por vir é a mudança para uma era que será maravilhosa em todos os sentidos, as mudanças entram em nossas vidas para ampliar nossa vibração e nos fazer crescer e evoluir como seres humanos, porém, novamente a presença do medo do novo pode nos fazer permanecer no estado caótico que nos encontramos.

O estado vibracional das pessoas tem mudado de forma considerável, no meu ponto de vista, muitas são as buscas pessoais por uma sintonia de irmandade e amor ao próximo, e isto causa uma vibração que a cada mais atrairá seres de luz para nossas vidas, mas isso depende de sua decisão pessoal, decidir ser diferente e viver de uma maneira diferente do que vive hoje.

É necessário deixar de lado o sofrimento, o medo, a falta de amor e tudo que possa ser negativo, incluindo aqui seus pensamentos e projeções pessoais. Sinta-se parte de Um Todo Maior que zela por você e o acompanha a cada momento, que sabe de sua necessidades e anseios pessoais e os trará até você.
Creia, eu vivo assim! Você pode viver assim! A humanidade pode se unir nesse caminho maravilhoso onde o aprendizado se dará somente pelo amor, a dor não mais fará parte de nossas vidas!

Comece por mudar você e perceba que tudo à sua volta começará a se transformar!
Emane para sua vida tudo que é positivo, conecte-se somente com bons sentimentos, pensamentos e emoções.

Na Radiestesia, encontramos o apoio para início desta mudança. A harmonização de nossas casas e de nossa vida pessoal pela mesa radiônica promove esta mudança de sintonia vibracional. Isto é muito mais do que falar, é possível, após este equilíbrio geral você sentir sua vida vibrando de uma forma diferente e as coisas acontecendo de maneira menos sofrida.
Criamos alguns conceitos que se arraigaram em nosso ser e que precisam ser eliminados. Estamos acostumados a ter dificuldades, a competir com os demais.

Já cheguei a ouvir várias vezes a seguinte frase: é necessário matarmos um leão por dia para sobrevivermos. Aí vem uma perguntinha básica: onde está sua conexão espiritual?

Esta conexão com o Divino o leva a sentimentos de amor e confiança e estes aspectos negativos todos deixam de fazer parte de sua vida.

O fato de não conseguirem estabelecer esta conexão espiritual, que a todos alimenta com muita energia, faz com que as pessoas se desgastem entre si. É um tentando eliminar o outro, tentando acabar com a energia do outro.

Este processo se percebe de maneira muito clara nas estruturas empresariais, onde alguns, que na maioria das vezes não têm nenhum equilíbrio pessoal, decidem pela vida de muitas pessoas, sendo que o sentimento que prevalece é o prestígio pessoal, o outro simplesmente não existe.

Neste momento, observo que estamos vivendo pior que os animais, no entanto, alenta-me o coração perceber que cada mais as pessoas estão percebendo esse sistema caótico e caindo fora dele. Você pode ser mais um a mudar de conexão e trazer harmonia para sua vida começando pelo seu equilíbrio pessoal.

Quando você percebe que sua vida não está da forma como desejaria e que levantar a cada dia se torna um sacrifício, tenha absoluta certeza que você está em desequilíbrio, vibrando em padrões muito abaixo daqueles que deveria estar.

Quando o equilíbrio que a Radiestesia traz para sua vida se fizer presente, você poderá até se assustar, pois tudo fica mais fácil, as coisas acontecem de fato e aquilo que necessitamos, sejam coisas materiais ou pessoas, vem parar em nossas vidas.

Temos que deixar de violar nossos princípios pessoais, temos que buscar ferramentas que nos afastem de situações e profissões que nada têm a ver com você como pessoa.
Quando você encontrar o caminho do equilíbrio, passará a amar a sua vida e o que faz e as coisas fluirão de uma maneira totalmente harmônica!

O que dizer, então, de 2012?
Tenho a dizer que será uma fase maravilhosa, pois eu já vivo assim e faço do meu caminho de vida uma ressonância de amor e confiança para aqueles que desejam mudar sua trajetória de vida. Estou aqui como instrumento para ajudá-los a mudar de sintonia!

Maria Isabel Carapinha: Radiestesista.Ministra cursos e faz atendimentos em residências e empresas.Trabalha também com a mesa radiônica fazendo atendimentos em seu consultório ou à distância.