segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ESTRADAS E TRILHAS


Foto: Blog Trenkking Brasil

Você se lembra do tempo
Estradas, trilhas remotas
Cabelos ao vento...
Mochila nas costas
A gente partia
E seguia sem grana
Ia de carona até de trem de carga
No almoço comia pão com banana
Ou então no jantar
Pão com sardinha em lata...

Tribo de Jah (Estradas e Trilhas)

domingo, 30 de janeiro de 2011

O QUE ACONTECE NO EGITO? MELHOR NÃO PERGUNTAR PARA A VEJA.



Pode ser que eu seja o problema, muito chato, crica ou exigente. Mas as revistas semanais de informação brasileiras parecem definitivamente ter perdido pé da realidade e revelam-se cada vez mais distantes e desinteressadas de acontecimentos importantíssimos e que estão ajudando a recontar a história contemporânea. Neste final de semana, quem aguardava análises e relatos de fôlego sobre Tunísia, Egito e afins deu com os burros n'água.


Enquanto as ditaduras árabes no norte da África e no Oriente Médio são tensionadas, chacoalhadas e algumas até derrubadas por gigantescas manifestações de rua e revoltas populares, sabem qual a capa da Veja que está nas bancas? Uma instigante e imperdível "matéria" sobre a "renovação do bom-mocismo", estrelando os globais Angélica e Luciano Huck (segundo a revista, formam "um casal celebridade perfeito para um mundo politicamente correto"). Durma-se com um barulho desses.

Outras duas não ficam muito atrás. Na Época, destaque para "O guia essencial dos imóveis"... Isto É abriu espaço principal para "O novo astro da fé", contando a trajetória de um ex-lavrador que agora comanda a igreja evangélica que mais cresce no país. Apenas Carta Capital, honrando os bons critérios jornalísticos e sintonizada com o interesse público, trouxe na capa "A convulsão árabe".

Esse descaso ajuda a explicar ao menos em parte o nosso profundo desconhecimento a respeito do que se passa em uma região estratégica e mais do que relevante do planeta. Estamos considerando não apenas sua dimensão histórica (berço das grandes civilizações antigas), mas também interesses e disputas políticas atuais (apoio dos Estados Unidos às ditaduras como forma de combater o que norte-americanos chamam de "eixo do mal", Irã e Hamas incluídos na lista, além do intuito de estabelecer um cinturão de proteção a Israel), variáveis econômicas (comércio, petróleo e área de passagem entre ocidente e oriente) e religiosas (presenças representativas das três grandes crenças monoteístas, com óbvio destaque para o islamismo). Mais recentemente, é preciso registrar ainda a cobiça pela água, bem raro e portanto valiosíssimo na região, que deve inclusive ser protagonista, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), de boa parte dos conflitos e guerras que darão o tom da segunda metade do século XXI.

Apenas essas razões - e, reconheço, o alcance da análise é limitado - já seriam suficientes para exigir uma cobertura midiática mais próxima, atenta e periódica da região. Mas como não é assim que acontece (o espelho do próspero colonizado lança olhares respeitosíssimos e de reverência ao norte desenvolvido, mas se recusa a focar o sul pobre, não raro abandonado e ignorado), somos invariavelmente pegos de surpresa. Estamos agora nos perguntando: o que está acontecendo no Egito?

É honesto admitir também que não sou especialista no assunto - muito longe disso, minha postura é muito mais de um curioso jornalista, professor e cidadão do mundo - e que não tenho assim a pretensão de pautar o debate ou de formular ou construir análises originais. Nada disso. O que procuro fazer neste post é muito mais sistematizar uma espécie de guia de leituras, a partir das pesquisas que fiz, trazendo à tona a contribuição de alguns textos e autores que, estes sim, me foram muito úteis e podem oferecer respostas bem mais precisas e profundas à questão acima colocada.

Jovens, desemprego, corrupção e liberdades

Tomo a liberdade de recomendar que esse percurso comece com a reportagem de capa de Carta Capital (versão impressa, nas bancas, não disponível na internet). O jornalista Antonio Luiz Costa desenvolve uma espécie de viagem panorâmica mais aberta sobre o tema, analisando as diferentes manifestações de inquietações sociais nos países árabes (Tunísia, Argélia, negociatas da Autoridade Palestina com o governo de Israel) até pousar a lente de análise no Egito. Escreve ele que "afirma-se que o exército egípcio é mais poderoso que o da Tunísia e está ao lado do regime, mas mais poderosos e leais eram, supostamente, os do xá do Irã e da União Soviética. Diz-se também que há menos participação da classe média nos protestos, mas se isso for verdade, pode significar apenas que a reviravolta, se vier, será mais drástica e violenta".

Em texto publicado no blog Viomundo, Luiz Carlos Azenha ressalta que os principais agentes mobilizadores das manifestações no Egito são os jovens desempregados, que não conseguem sequer se aproximar dos padrões de consumo que lhes são apresentados diariamente, pelas emissoras de televisão a cabo e via satélite. Para ele, "democracia nos países árabes resultaria em governos menos submissos aos Estados Unidos, mais 'antenados com as ruas' e, portanto, muito mais agressivos em defesa dos direitos e dos interesses dos palestinos".

Para além do desemprego, jovens lutam também por liberdades e contra uma ditadura corrupta e sanguinária, encastelada no poder há 30 anos (Hosni Mubarak foi "eleito" presidente pela primeira vez em 1981). O jornalista britânico Robert Fisk, profundo conhecedor da realidade do mundo árabe, destaca em artigo originalmente publicado pelo The Independent e reproduzido pelo Viomundo que "a sujeira das ruas e das favelas, os esgotos a céu aberto e a corrupção de todos os funcionários do Estado, as prisões sobrecarregadas, as eleições risíveis, o vasto, esclerosado edifício do poder, tudo isso, afinal, arrastou os egípcios para as ruas das cidades". Fisk afirma que o levante no Egito ainda não representa uma revolta islâmica, embora não descarte essa possibilidade. O jornalista, aliás, manifesta preocupação justamente com o vácuo de poder que pode surgir com uma eventual queda de Mubarak, já que a oposição organizada no Egito foi destroçada. "Onde estão as vozes de liderança?", pergunta.


A hipocrisia dos EUA e o silêncio da mídia

Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), nos brinda com dois textos riquíssimos. No primeiro, mais precisamente uma entrevista publicada pelo portal Terra, o especialista lembra que por enquanto as manifestações concentram-se nas grandes cidades e que o medo de Estados Unidos e Israel é justamente que se espalhem como rastilho de pólvora por todo o país, a exemplo da Revolução Iraniana de 1979. Para Nasser, ainda falta apoio internacional aos jovens egípcios que tomam conta das ruas. Ele critica duramente o papel hipócrita desempenhados pelos Estados Unidos, duros nas críticas dirigidas ao Irã, mas condescendentes com as violações de direitos cometidas pelo regime tirano de Mubarak. "O Egito é a grande peça do tabuleiro de xadrez do Oriente Médio, uma garantia contra os movimentos chamados radicais".

No segundo texto, artigo publicado pela Agência Carta Maior, o professor da PUC/SP resgata indicadores demográficos e socioeconômicos do país. Atualmente, 80 milhões de pessoas vivem no Egito. Dois terços são jovens com menos de 30 anos - e 90% deles estão desempregados. 40% da população vive com menos de dois dólares por dia. E o país ocupa a trágica 101ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU. "As mobilizações populares na Tunísia, no Egito, no Iêmen e em outros lugares são um alerta para o chamado mundo desenvolvido e seria um grande avanço para a democracia se esta região que permanece imersa na violência, em fraudes eleitorais e miséria crescente da população recebesse o devido apoio internacional nesse momento", reforça.

Diferenças importantes entre os levantes na Tunísia e no Egito são apontadas pelo articulista Gilles Lapouge, no jornal O Estado de São Paulo. Segundo ele, a primeira nação pretendia-se moderna, laica e tolerante; por lá, a educação é notável, com jovens muito cultos. "Na Tunísia, são os jovens universitários que estão na origem dos tumultos. No Egito, quase não se veem estudantes. Estão lá, mas na espera". Mesmo reconhecendo afastamentos, no entanto, Lapouge admite as semelhanças entre os dois processos históricos. "Tanto no Cairo quanto na Tunísia, as ações são conduzidas por jovens e o fundamentalismo islâmico se mantém discreto".

O jornalista Raphael Tsavkko Garcia pondera, em texto postado no blog dele, que um governo, ainda que uma ditadura, só consegue mesmo se sustentar enquanto o povo o considera legítimo. "Somente a legitimidade popular garante a sobrevivência de um regime. Chega um momento em que a pressão da população, a desobediência civil e o descontrole causado pelo não funcionamento das estruturas mais básicas do Estado acabam por destruir as bases desse mesmo Estado".

Com duras críticas ao silêncio da nossa mídia, que acaba por transformar o Egito quase em um ilustre desconhecido para todos nós, o também jornalista e blogueiro Eduardo Guimarães avalia, em seu Blog da Cidadania, que "os choques entre população egípcia e as forças de repressão da ditadura estão sendo de um grande didatismo para a humanidade, ao deixarem claras as hipocrisias americana e midiática, que mantêm regimes contrários aos EUA sob fogo cerrado, enquanto silenciam sobre os regimes simpáticos à potência decadente do Norte, por mais criminosos que sejam". Pelas razões acima apontadas por Nasser, a mão que bate no Irã é a mesma que acaricia o Egito...

Redes sociais

Termino o post sugerindo algumas reflexões e saudáveis provocações sobre o papel que as redes sociais estão desempenhando nas revoltas que se alastram pelo mundo árabe. Não são poucos os que afirmam que "as revoluções estão sendo tuitadas". (aliás, sobre o tema, sugiro a leitura de artigo escrito por Malcolm Gladweel e recentemente publicado pelo caderno Ilustríssima da Folha de São Paulo).

Reconheço a enorme importância e o caráter libertário dos blogues, do twitter, do facebook e de outras tantas ferramentas e a contribuição de todas para o desenrolar dos acontecimentos. Mas penso que é preciso relativizar o protagonismo a elas atribuído. Há uma certa sensação de "salvadores da pátria" no ar, quando, penso, a rede aparece fundamentalmente em dois momentos que, sim, são cruciais e estão diretamente conectados: comunicação (saber o que está acontecendo) e mobilização (capacidade de juntar as pessoas).

Mas, se o povo não estivesse nas ruas, o que afinal poderia ser tuitado? Será que se os manifestantes apenas permanecessem acomodados diante das telas de seus computadores e celulares, disparando fotos e mensagens, o governo da Tunísia teria de fato caído? Mubarak, todo-poderoso, estaria seriamente ameaçado?

Revolução ainda se faz na rua. Foi assim na França de 1789, na Rússia de 1917. Está sendo assim na Tunísia e no Egito de 2011. Ditadores têm mesmo é medo do povo gritando, enfrentando os tanques e as forças de repressão e chacoalhando os portões e as grades dos palácios. Tiranos tremem quando o povo assume sua condição de protagonista da História, ocupando espaços públicos. É nesse momento - quando o "extraordinário se torna cotidiano", como bem definiu Ernesto Che Guevara - que as revoluções acontecem. E, insisto, o extraordinário se concretiza nas ruas.


Fonte: História em Projeto ( Francisco Bicudo do Blog do Chico)
30/01/2011

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

HISTÓRIA LOCAL: HOMENS, "LOUCOS" E ANDARILHOS!...


Fotografia reutilizada do Filme "O Andarilho"

HOMENS, “LOUCOS” E ANDARILHOS: UM ESTUDO SOBRE A VIVÊNCIA DOS MARGINALIZADOS EM IPU (1974-1985)

De tanto enveredar por interessantes temas de pesquisa sobre a História e Memória de minha cidade descobri que somente um deles veio preencher de vez a necessidade de um pesquisador fascinado por seu lugar de origem. Trata-se de um estudo que estou realizando sobre a vivência cotidiana dos “loucos” e marginalizados em Ipu durante o período “brando” da Ditadura Civil Militar e que em breve estarei apresentando como tema principal no III Simpósio de Ipu, um evento que reunirá novamente pesquisadores, historiadores e filósofos no mês de julho de 2011.

Apesar das dificuldades encontradas no que diz respeitos às fontes primárias tenho recebido ajuda de algumas pessoas da cidade e confesso que estou apaixonado pelo tema, pois desde criança as histórias sobre os “loucos” e andarilhos sempre me chamou a atenção. Tanto que em meus escritos e crônicas há sempre referências sobre os andarilhos de estradas, metáforas que utilizo sobre mim mesmo e minhas aventuras pelas estradas e trilhas da Serra e Sertão da Ibiapaba.

Muito embora poucos ainda conheçam o meu lado poético, posso dizer que sou um híbrido de poeta aventureiro com um pesquisador não convencional. E como dizia o grande Aristóteles: “o historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem entre si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido”.

Pois bem, o que resta agora é só esperar e conferir o resultado da pesquisa, algo que me deixa cada vez mais ansioso é claro... Enquanto isso o jeito é correr atrás das fontes e amadurecer o trabalho para uma futura especialização acadêmica. Mesmo que para isso venha sacrificar alguns dias e feriados...

Muito em breve estarei postando nesse mesmo Blog um pequeno trecho ou resumo do trabalho. E deixo para que meus leitores e amigos que sempre passam por aqui uma melhor apreciação de minha escrita sobre o tema.

Muita luz e muita paz a todos!!!

Petrônio (O Poeta Andarilho)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

POESIA DE ESTRADEIRO



O “eu” caminhante...

Às vezes tenho vontade de sumir
De percorrer caminhos inóspitos
E sentir o brilho do sol mais intenso

Olhar o azul do céu por sobre as montanhas
Deixar o vento secar minhas lágrimas
E varrer da lembrança os sonhos perdidos

Às vezes tenho vontade de gritar bem alto
Dizer a todos o que vi na estrada
O que sinto ao tocar o chão...

Não quero falar somente das pedras
Das noites frias em silêncio
Das ilusões dos homens em prece
Insinuosas trilhas do destino...

Não, eu vou seguir sozinho
A luz que traz o eu caminhante
Andarilho de mim mesmo...

Quero aprender com o mundo
O que não me ensinaram
Sentir meus próprios passos
Olhar adiante e seguir sorrindo.

22/01/2011
Petrônio Lima (O Poeta Andarilho)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

CALANGOS?...QUE GRUPO É ESSE?!..


Foto: Prof. Petrônio Lima. (Rumo a Trilha da Cachoeira de São José-Ipu,2010)

CAMINHOS, TRILHAS E CAMPING NA IBIAPABA

Resolvi então escrever sobre algo atualmente pouco valorizado na “pacata e hospitaleira” cidade onde moro e trabalho. Ipu é uma pequena “urb sertaneja” com aproximadamente 40.300 habitantes. Localizado no sopé da serra da Ibiapaba, na zona norte do interior cearense... Bem, vamos então entrar no assunto que nos interessa e deixar para falar mais sobre minha cidade e suas particularidades em outra ocasião.

Trata-se de um esporte, melhor dizendo, de uma cultura já praticada por nossos antigos ancestrais e que hoje, com a ascensão da modernidade, do ritmo frenético do trabalho e da facilidade do consumo de veículos automotores, ela parece não mais ser tão evidente no cotidiano das pessoas simples do interior cearense, o que deixou de se tratar de um fenômeno exclusivamente voltado aos grandes centros urbanos.

Melhor dizendo, estamos perdendo o hábito saudável e cultural da prática das caminhadas e trilhas. Do simples contato com a natureza. Ora, nada mais agradável e apaixonante do que você ver o nascer do sol por sobre um talhado ou montanha, acampar e curtir uma bela noite de lua cheia ou então sair pelas estradas e trilhas da Serra e Sertão observando as maravilhas do lugar, as antigas histórias e memórias esquecidas e silenciadas.

Foi por isso que surgiu há pouco tempo em Ipu, mais precisamente no ano de 2010 um grupo de amigos professores, historiadores, poetas, músicos e esportistas com a idéia de reviver ou relembrar as antigas aventuras dos tempos de menino. Mais do que isso, de rememorar as histórias, lendas e mitos dos nossos antigos andarilhos e aventureiros do sertão. De valorizar as coisas simples da vida como a amizade feita numa velha bodega, nas conversas de calçada, nas histórias dos alpendres ou ao redor de uma fogueira, num banho de uma cachoeira, no silêncio e na magnitude da natureza.

Pois bem, mas para isso precisávamos de um nome que viesse expressar melhor o que realmente estávamos propondo. Pensamos então em simbolizar nossa ambiência local, construindo assim uma marca própria, ou uma identidade voltada aos nossos hábitos e costumes de um povo ainda preso as raízes da terra. Daí o “Bicho Calango” ter sido escolhido como o mascote ideal e mais significativo, sendo que todos aceitaram imediatamente minha modesta sugestão.

Bem, hoje, já com algumas mudanças e alterações feitas em nosso Estatuto visamos portanto uma melhor adaptação com a técnica e a prática da cultura do Trenkking, Trilhas e Caminhadas repassado por nossos amigos da educação física e de nossos parceiros blogueiros e internautas da área como o nosso amigo “Edílson Trenkking” ( Blog Trenkking: Caminhos e Trilhas) e outro grande especialista em Trenkking e montanhismo do Rio de Janeiro o aventureiro Fragoso ( Blog Limpa Trilha).

Com aproximadamente seis participantes ativos, podemos dizer mais experientes como o educador físico Samuel, trilheiro e experiente no Rapel e vários acampamentos, Jonh, o paraquedista, trilheiro e acampeiro, Marcos Sampaio, formado em administração e experiente em algumas trilhas, Joamir, formado em Ciências da Computação com experiência militar em Montanhismo, o ambientalista e trilheiro Fernando e o Educador, escritor, Historiador e trilheiro Daniel de Tianguá e Petrônio Lima (eu mesmo), Educador, poeta e historiador com experiência em Trenkking, trilhas e acampamentos e mais quatro recém incorporados ao grupo que não lembro bem seus nomes,compoem o nosso grupo de andarilhos e aventureiros.

Para melhor entendimento a proposta do "Calangos", além de fazer caminhadas e trilhas em Ipu e em toda região que compreende a maior parte da Serra e Sertão da Ibiapaba é juntar o prazer do contato com a natureza com o bem-estar físico, sendo pois uma ótima oportunidade para conhecer novos costumes e culturas do povo simples do interior.

Nesse sentido, não nos limitamos apenas em fazer caminhadas ecológicas e acampamentos, mas também aproveitamos para conhecer e aprender mais sobre o cotidiano, a cultura e a história do povo ibiapabano. Somos um grupo de amigos a qual propomos mostrar uma outra forma de viver longe da mesmice e chatice dos finais de semana ou feriados, o que nos faz esquecer por algum tempo a rotina do trabalho.

Como já comentamos anteriormente adotamos o nome “Calangos”, pela simples razão de ser este mesmo lagarto, típico de nossa região, uma espécie de bicho do mato que vive na caatinga ou em lugares mais verdejante, por entre pedras e cachoeiras, galhos e árvores. Considerado um verdadeiro observador da natureza, acostumado a trilhar lugares e atrativos vários. Por esta razão, todos que entram para o nosso clube têm que passar por um ritual simbólico, ou seja, deve esquecer que um dia foi um “ser humano comum”, preso a modismos e esteriótipos do mundo “civilizado” para adotar o nome calango, ou seja, “aquele que não é bicho, mas vive no mato”, que tem a necessidade de manter contato com a natureza, de se tornar novamente um andarilho, fazer trilhas e preservar o meio ambiente.

A relação homem/natureza é entendida por nós não como modismo, mas como uma necessidade. Eis aí a nossa filosofia atribuída à questão ecológica. Além do ritual de iniciação significar uma espécie de novo batismo, há também toda uma preparação teórica e prática sobre educação ambiental, saber como se comportar no meio do mato sem afetar a natureza, assim como fazer trilhas de longo e curto alcance.Também saber que tipo de material necessário a ser utilizado em um acampamento ou determinada trilha, como mochilas, barracas e outros.

Para quem se interessar em conhecer nossas atividades, dispomos de um Blog para divulgação de nossas aventuras. Temos também uma comunidade no “Orkut” direcionado aos admiradores e interessados nesse tipo de cultura esportiva. Para conhecer melhor o grupo Calangos, basta você então conferir minha lista de Blog ou então ir diretamente no Google e escrever Calangos: Trilhas e Camping de Ipu. Sinta-se a vontade para comentar, sugerir e nos enviar qualquer material ou troca de experiência a respeito da cultura de Trilhas, Trenkking, Camping ou qualquer outra modalidade relacionada a cultura andarilha.

E como está escrito em nossa pequena comunidade do Orkut: “Se você é do tipo que encara uma boa aventura, que gosta de pisar no chão, sentir o cheiro da terra, dormir no mato sem nenhum conforto, tomar banho de cachoeira e acampar em noite de lua cheia, então seja bem vindo ao grupo Calangos. Viva de forma saudável e diferente! Der adeus à velha rotina e comece a redescobrir a si mesmo como um ser de luz e natureza.”

Para maiores contatos pelo email: petroniolima2@yahoo.com.br

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

HÁ QUANTO TEMPO: JOTA QUEST


Há Quanto Tempo
Jota Quest
Composição: Wilson Sideral

Há quanto tempo a gente sentado
Naquele banco de praça
Há quanto tempo aquela pedra
De onde víamos o mundo
Há quanto tempo o burburar das velhas
As bocas da cidade
Há quanto tempo os sinos tocaram
E eu botei o pé na estrada
O pé na estrada...(Bis)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A MONTANHA - OLAVO BILAC


Homenagem em despedida a Bernar Collares, que era presidente da Federação de Montanhismo do Rio de Janeiro, morto enquanto escalava o cume de Fitz Roy, na região de El Chaltén, na Argentina.O mesmo se sentia 'a pessoa mais feliz do mundo' ao fazer montanhismo. Tentava pela terceira vez atingir o cume da montanha de 3.375 metros de altitude quando foi surpreendido pela mudança brusca de tempo, com tempestade de neve a poucos metros do topo.

A MONTANHA
de Olavo Bilac

Calma, entre os ventos, em lufadas cheias
De um vago sussurrar de ladainha,
Sacerdotisa em prece, o vulto alteias
Do vale, quando a noite se avizinha:
Rezas sobre os desertos e as areias,
Sobre as florestas e a amplidão marinha;
E, ajoelhadas, rodeiam-te as aldeias,
Mudas servas aos pés de uma rainha.
Ardes, num holocausto de ternura…
E abres, piedosa, a solidão bravia
Para as águias e as nuvens, a acolhê-las;
E invades, como um sonho, a imensa altura,
- Última a receber o adeus do dia,
Primeira a ter a bênção das estrelas!

(in Poesia Parnasiana. Antologia. Ed Melhoramentos)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

HISTÓRIA E NATUREZA: UM NOVO "OLHAR" HISTORIOGRÁFICO


Para todo aquele que se pretenda enveredar numa leitura crítica e amadurecida no ponto de vista historiográfico sobre as relações humanas com a natureza...Uma resenha interessante e envolvente do livro História e Natureza, de Regina Horta Duarte, que aborda uma problemática ainda pouco conhecida e trabalhada pelos historiadores atuais. Vamos então conferir na escrita do pesquisador Ely Bergo de Carvalho.

O livro História & Natureza, de Regina Horta Duarte, faz parte da série História &... Reflexões, da editora Autêntica. Como sugere o título, a série se propõe a apresentar discussões teórico-metodológicas de campos e canteiros da história. No caso, a obra de Regina Horta Duarte vem suprir uma demanda de reflexões sobre a relação dos historiadores com a natureza. propondo-se a ser uma introdução didática ao estado da arte, de como os historiadores abordam a natureza. Desta forma, a autora suprime as notas de rodapé, adotando um estilo leve de escrita, o que o transforma em uma leitura agradável, a ser consumida de uma única vez.

A grande proeza do livro é ser "didático", sem ser superficial; não caindo em uma busca da origem dos problemas ambientais, na primeira vez que um ser humano controlou o fogo; não caindo em uma discussão teórica descarnada de contextos específicos; e, também, atentando à necessária participação dos historiadores nas questões do seu tempo, sem com isso ser panfletário.

A autora conduz, no primeiro capítulo, a forma como, na segunda metade do século XX, a questão ambiental passou de uma preocupação de alguns amantes da natureza para uma preocupação generalizada da sociedade. Situa como, nos EUA, começa a se falar em uma Environmental History, com a fundação, em 1977, de uma Sociedade Americana de História Ambiental, e bem mais recentemente, em 1999, o surgimento da Sociedade Européia de História Ambiental. Assim, os historiadores respondem aos problemas colocados pelo seu próprio tempo.

No segundo capítulo, a autora desmonta alguns mitos sobre as relações humanas com a natureza, por exemplo, aquele de ver as sociedades indígenas como parte da natureza ou, por outro lado, de ver as sociedades humanas como essencialmente destruidores da natureza.

Apresenta, ainda, estudos sobre a formação do imaginário e da sensibilidade ocidental sobre a natureza, bem como fontes e fases para esta questão no Brasil. Todavia, a autora se recusa a fazer uma história de origens. Pois, quando "procuramos uma origem para qualquer coisa, enxergamos apenas o que reafirma o nosso ponto de partida. Este, por sua vez, passa a ser apresentado como o único ponto de chegada possível".1 Ignorando, teleologicamente, o campo de possibilidades dos sujeitos.

No terceiro e último capítulo, a autora enfrenta a questão da construção social e simbólica da realidade, pois admitir tal construção implica recusar o "Homem e a Natureza" como entes universais, sem, contudo, cair no idealismo, pois a autora argumenta que as "catástrofes naturais" lembram, ainda hoje, que a natureza age, mas quem constrói os sentidos sobre a natureza são os seres humanos.

Por fim, critica autores que apontam a história ambiental como uma novidade, apontando os primeiros Annales – atentos às interações com a natureza, pois foram fortemente influenciados pela geografia de Vidal de La Blac e, no Brasil, aponta autores como: João Capistrano de Abreu, Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Holanda, que abordaram as interações sociedade-natureza. Não sendo, portanto, nova a preocupação dos historiadores com a natureza. Todavia, explicita que não se deve ver nestes autores uma "origem" da atual história ambiental, pois isto seria cair em uma "busca das origens". Entretanto, depois de abordar as posições e perspectivas de vários historiadores ambientais contemporâneos, ela conclui que: "mesmo que não concordemos com a pretensão de originalidade absoluta da história ambiental", há um pioneirismo, "certamente nunca houve uma preocupação tão grande em sistematizar e estabelecer métodos de pesquisa e análise da questão, como tem sido feito nas últimas décadas."2

Mas o que distingue uma história ambiental e uma história não-ambiental? O que é exatamente história ambiental?

Donald Worster afirma que, no início do século XX, a história se restringia à "política do passado". No decorrer do século, os historiadores duvidaram que tão poucos homens ocupados com o poder do Estado poderiam ter tal controle sobre o passado e passaram a fazer de toda a sociedade objeto da história. Agora chega um novo grupo de reformadores, "os historiadores ambientais, que insistem em dizer que temos de ir ainda mais fundo, até encontrarmos a própria terra, entendida como um agente e uma presença na história."3

Assim, devem-se levar em conta estes outros "sujeitos da história", os "elementos naturais", que têm a capacidade de condicionar significativamente a sociedade. Logo, a história ambiental é aquela na qual a natureza é uma presença e um agente na história humana.

Um problema desta forma de se pensar a história ambiental é sua amplitude, pois, "mesmo se delimitarmos uma parte da totalidade e a chamarmos de ambiente, ainda assim ficaremos como a trabalheira inadministrável de tentar escrever a história de quase tudo." Para Worster, "infelizmente, não existe mais nenhuma outra alternativa diante de nós".4

A história ambiental seria uma história de tudo? Toda história seria história ambiental? A história social teve um problema semelhante, de ser tão abrangente, a ponto de perder a sua própria identidade. Se toda a história for história social, logo a história social não seria nada, pois perderia a sua capacidade de distinguir um objeto próprio. Analisando esta questão, Eric Hobsbawm afirma que: "Os aspectos sociais ou societais da essência do homem não podem ser separados dos outros aspectos de seu ser, exceto à custa da tautologia ou da extrema banalização."5

Ou seja, a história social realmente não é um campo que possa ser isolado, mas mantém seu nexo básico de constituição, enquanto "forma de abordagem que prioriza a experiência humana e os processos de diferenciação e individuação dos comportamentos e identidades coletivos – sociais – na explicação histórica."6 Como já se afirmou, é possível escrever tanto uma história social do mercado de grãos como uma história social da arte. Isso não nos traz de volta à identificação entre história social e toda a história, "porque é possível (e freqüente), hoje, uma história econômica ou uma história cultural que prescinda da vivência humana e de sua experiência socialmente diferenciada como variáveis explicativas."7

Pode-se fazer uma analogia para afirmar que os aspectos "ambientais" não podem ser separados dos outros aspectos do ser, mas isso não implica que toda a história seja ambiental, pois há um nexo básico de constituição, na história ambiental, não como campo, mas como forma de abordagem que procure compreender a interação entre as antropossociedades e os ambientes, dos quais fazem parte.8

Uma história que aborde apenas os elementos naturais independentes dos seres humanos é possível, mas não desejável. E uma abordagem apenas das antropossociedades, como se estas existissem à parte do seu ambiente, é prática comum entre os historiadores. É na interação desses elementos que se situa a história ambiental.

Mas tentar pensar a história ambiental como uma abordagem ainda é, por um lado, demasiadamente amplo, pois recobre boa parte do campo da geografia e da ecologia que hoje dominam os estudos das interações sociedade-ambiente, só acrescentando a elas, a primazia da diacronia e possíveis contribuições metodológicas da matriz disciplinar da história; e, por outro lado, é demasiado restrito, pois, em especial nos estudos sobre as "idéias de natureza", não necessariamente a interação com o ambiente tem um papel importante nas explicações, o que jogaria tais trabalhos para fora da abordagem de história ambiental.9

Desta forma, é compreensível que no primeiro Simpósio de História Ambiental Americano (Latina), realizado em 2003 em Santiago no Chile, os especialistas na área apenas tenham conseguido concordar que a História Ambiental é uma arena acadêmica, na qual há uma convergência de preocupações ambientais, ou seja, de pesquisadores que "olham" a história a partir destas preocupações. E que, no Segundo Simpósio, realizado em 2004, em Cuba, apesar de alguns quererem definir em termos teórico-metodológicos a história ambiental, tal proposta tenha sido recusada para a criação da Sociedade Latino-americana e Caribenha de História Ambiental (Solcha), a qual se constituiu como um grupo de pesquisadores de diversas áreas acadêmicas, que buscam "olhar" a história a partir destas preocupações presentes. Não se trata evidentemente de buscar as origens dos problemas ambientais atuais, mas de formular problemas de pesquisas informados por tais preocupações.

Assim, pode-se entender a não formulação de uma definição rigorosa de história ambiental por parte de Duarte.

Enrique Leff, por sua vez, propõe que a história ambiental pode ser definida justamente em termos de formulação do problema de pesquisa, vinculado-o à emergência contemporânea da "complexidade ambiental". Para Leff, deve-se superar a concepção que dominou certa história ambiental, que ele prefere chamar de "história ecológica", na qual se percebe o ser humano apenas como um agente destruidor. Nesta perspectiva não se consegue entender a complexidade ambiental "como um processo enraizado em formas de racionalidade e de identidade cultural que, como princípios de organização social, definem as relações de toda sociedade com a natureza".10

Para Leff a história ambiental, também, deverá "transcender os paradigmas transdisciplinares que colonizaram o campo das relações sociedade-natureza – a geografia, a ecologia – para abordar as inter-relações da complexidade ambiental, interrogando o tempo humano desde diferentes racionalidades culturais".11 Tais paradigmas, por um lado, ficaram demasiado presos à idéia de equilíbrio dos ecossistemas, subestimando a dinâmica dos ecossistemas, tributários de um modelo de ciência a-histórico. Mas não apenas se faz necessário inserir a "flecha do tempo" na natureza, para usar e expressão de Ilya Prigogine, não se trata apenas de produzir modelos diacrônicos e dinâmicos de interação. A ecologia, por exemplo, na busca de legitimidade científica, buscou construir modelos matemáticos que parecem explicar mais os ecossistemas naturais, todavia não contribuíram muito para se entender a relação com as sociedades humanas e, em sua sanha "objetificante", impede a criação de uma dimensão reflexiva, que permita às ciências se perceberem dentro de relações de poder.12 Para Leff, entender a complexidade ambiental é superar o paradigma "matematizante-objetificante-cartesiano" de ciência, passando a entendê-la como parte da produção cultural de uma sociedade, estabelecendo um diálogo entre as diferentes racionalidades que informam as inter-relações dos diferentes grupos sociais com o ambiente. Por tudo isso, a história ambiental levaria à "necessidade de repensar o tempo para construir uma história do ser".13

Para Leff, o amplo campo "das relações sociedade-natureza" sofreria um recorte epistemológico para estabelecer o "campo próprio da história ambiental", que se dá na construção de um novo conceito, o de ambiente como algo complexo, ou seja: "A irrupção da crise ambiental abre uma nova visão do processo histórico. Por isso, a história ambiental é um campo disciplinar que se inaugura com a construção social do conceito de ambiente."14 Deste ponto surge um novo "olhar" sobre o passado e o futuro, a partir do qual se construiria uma história ambiental.

Pensar a história ambiental de tal forma é pensá-la como algo que vai além das fronteiras da disciplina História, e que vai além dos limites da ciência tradicional.

Tal desafio, que Leff faz aos "historiadores ambientais", revela a grande lacuna do livro de Regina Duarte, que apenas constata que a "interdisciplinaridade – ou seja, o encontro de várias áreas do conhecimento – é uma das maiores tônicas da autodenominada história ambiental",15 mas não apresenta uma reflexão sobre a interdisciplinaridade, ou ainda, sobre a posição da história ambiental na redefinição atual do próprio quadro da ciência, ou seja, no processo de transição paradigmática por que, talvez, se esteja passando.16 Até porque muitos dos trabalhos de "historiadores ambientais", em termos internacionais, são elaborados por pessoas que não são historiadores de ofício. A autora passa ao largo disso, para efetuar uma reflexão de historiadora e para historiadores, o que é o maior mérito e, talvez, a maior lacuna da obra.

Todavia, para todo aquele que se pretenda introduzir no debate sobre história ambiental no Brasil, o livro de Regina H. Duarte é uma leitura obrigatória.

A autora, entretanto, tem uma visão extremamente otimista a respeito da corporação dos historiadores, quando afirma que os historiadores "mostram-se afinados ao seu tempo e sensíveis ao diálogo com os seus contemporâneos".(17) Nos anos 60, foram os cientistas naturais os primeiros a procurar construir modelos de inter-relação sociedade-natureza, quando perceberam que apenas as variáveis naturais eram insuficientes para dar conta dos problemas ambientais, que então afloravam na preocupação pública. Na verdade, as ciências sociais, como um todo, chegaram tarde ao debate sobre os problemas ambientais.(18) Os "pais" das ciências sociais, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber, se voltaram contra seus predecessores, como Augusto Comte e Herbert Spencer, para quem a Sociologia deveria estar ontológica e epistemologicamente dependente da Biologia; opuseram-se, assim como Durkheim, ao afirmar que "o fato social explica o fato social", não chegando a desconsiderar a relação entre seres humanos e ambientes em suas teorias sociais, mas relegando-a a um segundo plano.19 Foi a partir da década de 1970 que sociólogos e antropólogos se voltaram mais seriamente para as questões suscitadas pela questão ambiental contemporânea e construíram um corpo de reflexões teórico-metodológicas que buscavam dar conta destas novas questões.

A criação de uma Environmental History nos Estados Unidos se enquadra neste esforço, mas somente muito recentemente começou um debate mais sistemático fora dos EUA, por exemplo, uma Sociedade Latino-americana e Caribenha de História Ambiental foi constituída em 2006, no III Simpósio Latino-americano e Caribenho de História Ambiental, e mesmo nos Estados Unidos a história ambiental é um grupo secundário da historiografia. No Brasil, na década de 1980, houve raros historiadores que buscaram fazer uma reflexão sobre as inter-relações entre sociedades humanas e a natureza. Na década de 1990 surgiram vários trabalhos esparsos pelo Brasil, que de forma crescente e variada abordam tal conjuntos de questões. Mas foi somente no XXIII Simpósio Nacional de História (da ANPUH), de 2005, que se conseguiu promover um simpósio, ou melhor, foram dois simpósios, sobre tal temática, resultado deste acúmulo de trabalhos nos últimos anos dos historiadores que, só muito tardiamente, com uns 30 anos de atraso, buscam dar uma resposta à questão ambiental contemporânea.20 Deve-se, portanto, considerar que os atuais debates da questão ambiental pelos historiadores são respostas bastante tardias da "corporação" às demandas da época atual.

Entretanto, tal discordância só reforça a importância da obra de Duarte para ampliar a reflexão entre os historiadores a respeito da historicidade das relações humanas com a natureza.


Fonte de Pesquisa: Resenha de Ely Bergo de Carvalho: Mestre e Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina. UFSC. Florianópolis – Santa Catarina – Brasil. Ano de 2006.

1 DUARTE, R. H. História & Natureza. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. p. 72.
2 DUARTE, op. cit., p. 102
3 WORSTER, D. Para fazer história ambiental. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, pp. 198-215, 1991. p. 198-199 grifo meu.
4 Ibid., p. 214.
5 HOBSBAWM, E. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 87.
6 CASTRO, H. História Social. In: CARDOSO, C. F.; VAINFAS, R. (orgs.). Domínios da história: Ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus: 1997, pp. 45-59. p. 54.
7 Ibid., p. 54.
8 CARVALHO, E. B. de. História ambiental: muitas dúvidas, poucas certezas e um desafio epistemológico. Semana de Iniciação Científica, Campo Mourão, n. 2, pp. 165-181, 2001. pp. 170-171.
9 Ibid.
10 LEFF, E. Construindo a História Ambiental da América Latina. Esboços, Florianópolis, n. 1, v. 13, pp. 11-30, 2005.
11 Ibid., p.14.
12 DELÉAGE, J. História da ecologia: uma ciência do homem e da natureza. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1993, p. 13.
13 LEFF, op. cit., p. 14.
14 Ibid., p. 14.
15 DUARTE, op. cit., p. 14
16 CARVALHO, op. cit.; LEFF, op. cit.
17 DUARTE, op. cit., p. 88
18 DRUMMOND, J. A. A história ambiental: temas, fontes e linhas de pesquisa. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, pp. 177-197, 1991.
19 GOLDBLATT, D. Teoria Social e Ambiente. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.
20 Veja os dossiês em revista de história no Brasil que abordam tal temática: Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, pp. 177-197, 1991. Projeto História, São Paulo, n. 23, nov. 2001. Varia História, Belo Horizonte, n. 26, jan. 2002 e n. 33, jan. 2005. Esboços, Florianópolis, v. 13, 2005.