sábado, 27 de novembro de 2010

SOMENTE EU E O CAMINHO



EU E O CAMINHO...

Somente eu e o caminho
a contemplar a solidão das horas
Tenho perdido meus olhares
por inúmeros vastos lugares
pra me encontrar em outro ser...

Em busca de uma centelha de liberdade
onde possa descansar das caminhadas da vida
e da miséria dos homens sórdidos
E das loucuras do mundo.

P.L/Ipu

UMA NOITE DIFERENTE EM IPU



Quem teve a curiosidade e o prazer de ver ou apreciar um grande espetáculo cultural de músicos ocorrido na noite de quarta-feira, dia 24 de novembro de 2010, na agradável pracinha Iracema de Ipu, sentiu algo de diferente no ar. Grupos variados e estilos diferentes para todos os gostos. Do Rock ao Reggae, do Samba a Bossa Nova, cavaquinho e tudo mais!...Sem falar na brilhante apresentação no piano do grande Ivanildo Neves, um músico de mão cheia.

Para abrilhantar ainda mais a participação estava lá o grupo “CHORO FELIZ” que “arrebentou a pau” no festival de Viçosa, como também a presença marcante de “Jorge Nobre”, “Marcílio Lima,” “Ivanir do Bandolim” e demais artistas, poetas e seresteiros da cidade. Ex- integrantes do saudoso grupo “Som Maior”, a galera das antiga dos anos 80 de Ipu, os diversos admiradores do velho e bom Rock Nacional!..Os fã-clube da nova geração do grupo de jovens cantores aplaudiam junto ao povo cada apresentação em palco. Realmente a noite parecia ser só deles e mais ninguém, sem a interferência de nenhuma figura “carcomida” e “anti-social” do meio político...Algo inédito em nossa história!!!

Músicos, poetas, escritores, professores, historiadores, enfim, todas as tribos culturais estavam marcando presença neste MARAVILHOSO SHOW em praça pública. Assim pude perceber o entusiasmo e a alegria no semblante de cada um naquela noite.

Na ocasião tive o privilégio de conversar com vários amigos artistas, alguns deles alunos e ex-alunos meu, inclusive com o amigo músico e poeta Izídio, um dos mais entusiastas e admiradores fervorosos deste magnífico projeto, que segundo o nobre colega promete marcar presença no palco somente a partir do próximo ano.

Acredite ou não meu caro amigo leitor, pela primeira vez na história local de Ipu surge um movimento cultural de relevante respeito e admiração, idealizado por um grupo de jovens e de alguns já conhecidos músicos e poetas da terra de Iracema. Trata-se do I Encontro de Músicos do Estado do Ceará ocorrido aqui mesmo na cidade, por iniciativa da recém fundada “Associação de Cultura e Artes de Ipu” – ACAI. Que teve a honra de abrir o I Encontro com a justa homenagem aos memoráveis e inesquecíveis músicos: Lázaro Freire, Valderez Soares e Zezé do Vale.

No entanto, fica aqui a velha indagação: Será que os meninos irão “sustentar a peteca” por muito tempo? Visto que em nossa cidade e região a cultura sempre andou atrelada a “boa vontade” de nossos “maravilhosos” políticos?

Eu como praticamente um já incluído da Associação aposto nessa ideia e acredito que sim!.. É possível nós, ipuenses ligados a produção da arte e a cultura, separar o “joio do trigo” e assim fazer algo de novo em relação à Cultura Local. Vejo que vale apenas apoiar este tão importante projeto cultural da ACAI. Precisamos caminhar com as próprias pernas, mesmo sabendo das dificuldades inúmeras que irão surgir no decorrer da caminhada. Temos que lutar com amor e dedicação a favor de nossa História e Memória, sem proselitismos políticos, como bem afirma seus principais componentes.

Segundo seu idealizador maior, o músico e radialista Marcos Carvalho, em uma entrevista dada a Rádio Regional de Ipu: “Estamos vivendo um movimento pioneiro e simbolicamente importante no que diz respeito à união de todos os artistas ipuenses. Um marco histórico e embrionário para arte e para os artistas da terra”.O mesmo reafirmou na entrevista que a Associação se propõe a ser algo totalmente independente, sem vínculos políticos ou de influência factóide, o que já é do agrado da boa parte que constitue 99% da sociedade ipuense.

Por fim, o que nos resta é torcer para que no próximo ano a ACAI consiga somar o maior número de pessoas dedicadas a ajudar, patrocinar e a divulgar o verdadeiro valor que tem a cultura de nossa terra. Assim como a cidade de Viçosa, Ipu tem de sobra um grande potencial artístico para se tornar mais um atrativo cultural na agenda do Estado do Ceará. É só esperar e conferir.

Prof.: Petrônio Lima (poeta e pesquisador)
petroniolima2@yahoo.com.br

terça-feira, 23 de novembro de 2010

ERA UMA VEZ UM VELHO BECO!..



O Beco
Que importa as pedras no chão, o silêncio dos homens, a solidão das horas?
— O que eu vejo é o beco

Obs:Inspirado e adaptado da escrita poética de Manoel Bandeira (Poema do Beco) em alusão ao popular Beco da cidade de Ipu, carinhosamente conhecido como “Beco da Beinha.”

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CORDEL DO "FOGO ENCANTADO"



O "cordel" na região nordeste é sinônimo de história em forma de poesia.Para os cantadores e repentistas, o "fogo" é o elemento natural mais representativo da suas existências, devido a sua cidade, seu lugar de origem e da sua intenção musical e poética inconstante e mutável. O "encantado" ressaltaria a visão apocalíptica e profética dos mistérios entre o céu e a terra.

"O meu cordel estradeiro vem lhe pedir permissão pra se tornar verdadeiro": Em 1997 um grupo teatral voltou a atenção para a cidade de Arcoverde. Nascia o espetáculo "Cordel do Fogo Encantado", basicamente de poesia, onde a música ocuparia um espaço de ligação entre essa poesia. É caracterizado pela fusão de ritmos como Reisado, Toré, Samba de Côco e o Afro.

Começou em um ambiente de teatro e as pessoas envolvidas eram relacionadas ao teatro. Na formação, José Paes de Lira, Clayton Barros e Emerson Calado. Por dois anos, o espetáculo, sucesso de público, percorreu o interior do estado.
Em Recife, o grupo ganhou mais duas adesões que iria modificar sua trajetória: os percussionistas Nego Henrique e Rafa Almeida.

No carnaval de 1999 o Cordel se apresenta no Festival Rec-Beat e o que era apenas uma peça teatral ganha contornos de um espetáculo musical. Ao lirismo das composições somou-se a força rítmica e melódica dos tambores de culto-africano e a música passou a ficar em primeiro plano. A estréia no carnaval pernambucano mais uma vez chamou a atenção de público e crítica e o que era, até então, sucesso regional, ultrapassou as fronteiras, ganhando visibilidade em outros estados e o status de revelação da música brasileira.

Na formação, o carisma e a poesia de José Paes de Lira, a força do violão regional de Clayton Barros, a referência rock de Emerson Calado e o peso da levada dos tambores de Rafa Almeida e Nego Henrique. O Cordel do Fogo Encantado passa a percorrer o país, conquistando a todos com suas apresentações únicas e antológicas.

As apresentações da banda surpreenderam a todos não somente pela força da mistura sonora ousada de instrumentos percussivos com a harmonia do violão raiz. À magia do grupo que narra a trajetória do fogo encantado, soma-se a presença cênica de seus integrante e os requintes de um projeto de iluminação e cenário.
Em 2001, com produção do mestre da percussão Nana Vasconcellos, o Cordel do Fogo Encantado se fecha em estúdio para gravar o primeiro álbum, que leva o nome da banda. A evolução artística amplia ainda mais o alcance do som do grupo que, mesmo atuando independente, ganha mais público e atenção da mídia, por onde passa.

Com turnê que passou pelos mais remotos cantos do país, um ano depois, em 2002, o grupo volta para o estúdio para gravar o segundo trabalho: "O Palhaço do Circo Sem Futuro", produzido por eles mesmos, de forma independente. Lançado no primeiro semestre de 2003, o trabalho foi considerado pela crítica especializada um dos mais inventivos trabalhos musicais produzidos nos últimos anos.

E o Cordel do Fogo Encantado ganha projeção internacional, com apresentações na Bélgica, Alemanha e França. Entre os prêmios conquistados pela banda estão o de banda revelação pela APCA (2001) e os de melhor grupo pelo BR-Rival (2002), Caras (2002), TIM (2003), Qualidade Brasil (2003) e o bi-campeonato do Prêmio Hangar (2002 e 2003).
No cinema, a banda participou da trilha sonora e do filme de Cacá Diegues, "Deus É Brasileiro". Nas brechas das turnês, Lira Paes marcou presença também na trilha sonora de "Lisbela e o Prisioneiro", de Guel Arraes, na qual interpreta a música "O Amor é Filme". Lirinha, como é conhecido pelos fãs, também atuou no filme Árido Movie, de 2006.

Em outubro de 2005 o Cordel do Fogo Encantado lançou o DVD "MTV Apresenta", o primeiro registro audiovisual da banda. "Transfiguração", terceiro disco lançado em setembro de2006, vem borrar ainda mais a linha de fronteira entre as artes cênicas e a música. Pela primeira vez o grupo faz primeiro o registro sonoro para então se dedicar à criação do espetáculo. Com produção de Carlos Eduardo Miranda e Gustavo Lenza e mixagem de Scotty Hard, o Cordel do Fogo Encantado se firma como um dos grupos mais representativos da cena independente nacional.

Em fevereiro de 2010, Lirinha anunciou a sua saída do Cordel do Fogo Encantado, encerrando as atividades da banda. O vocalista afirmou que tinha "necessidade de trilhar novos caminhos."

Confira então uma de suas maravilhosas poesias musicadas.

Toada Velha Cansada
(Cordel Do Fogo Encantado)

Chega
Toada velha cansada
Atrás do fogo encantado
Nesse terreno sem cerca
Seca
Meu olho teu caldeirão
Teu colo meu oratório
Teu sonhos meu cobertor

Teu riso tem um corisco
Teu peito tem um trovão
É só a gente se ver
chove no meio do verão
Água que lava terreiros
(Oi que lava terreiros)
Oi que lava Janeiros, sertão

Eita mulher voadeira
Misterioso pavão
O riso teu tem corisco
E o peito teu tem trovão
E os meus dois olhos bandeiras
Fogueiras clarão (São João)

Eia
Minha cumadre Fulo
Quero teu cheiro de mato
Tua passada invisível

Vivo
Na cantingueira da serra
Cheguei montado no vento
Poderes do teu feitiço

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

SIMPLICIDADE



Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia

Mais mole à cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso

Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria

Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia

Letra da música: "Simplicidade" de Patu Fu.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

...POIS BEM...EM SE FALANDO DE COBRA!..



A imaginação humana sempre foi carregada de mitos fantásticos envolvendo figuras de animais rastejantes. Nas antigas civilizações clássicas as serpentes ou cobras já despertavam admiração e respeito por parte de alguns povos que a utilizavam como símbolos de vaidade e poder,como no caso da civilização egípcia,no qual aplicavam figuras de animais a religião politeísta, desenhadas no interior das pirâmides ou sarcófagos, como também nos braceletes e diversos utensílios usados pelos reis faraós.

Em diversos escritos referentes aos antigos fenícios e mesopotâmicos, todas as serpentes tanto de mar como de água doce, representam as correntes telúricas nefastas à vida, que são temíveis em suas cóleras, que provocam o furor dos oceanos e o desencadeamento da tempestade.

Por essa razão, a serpente é feita à imagem das divindades dos oceanos, um ser arcaico e fundamentalmente inumano. Na cosmogênese grega, segundo a Teogonia de Hesíodo, ela é o próprio "Oceano", assim como também, representa o espírito de todas as águas. Muitos rios da Grécia e da Ásia Menos têm o nome de Ophis (serpente). Na mitologia grega, Aquelôo (o maior rio da Antiga Grécia), certa vez se metamorfoseou em serpente para enfrentar Hércules. E quem já não ouviu dizer que um rio se serpenteia?

A SERPENTE E O FASCÍNIO DA LUA

Existe também a crença de que as cobras e serpentes sempre foram associadas à lua. A serpente possui o poder da auto-renovação, por causa da sua habilidade de trocar a pele. A lua, também se renova a cada vinte oito dias, depois de sua morte aparente (lua escura). Esse caráter renovador tanto da lua quanto da serpente, deu origem às crenças de imortalidade tanto de uma quanto de outra.

Mas a serpente é associada ainda à lua por uma outra razão: viver em fendas e buracos escuros da terra. Viver em uma região subterrânea é estar em contato com o submundo e com restos mortais. Aqui está a razão pela qual galera-fantasma da Cobra Grande era construída com vestes e ossos de pessoas mortas.

A fase escura da lua também tem tudo a ver com o submundo e suas forças ctônicas e, nesse aspecto, muitas divindades podem aparecer na forma de cobras. Hécate, enquanto Deusa da Lua Escura, tinha cobras em seus cabelos e dizia-se que Isthar era coberta de escamas de cobra.

A Cobra Grande, como Deusa da Lua, desperta nossa consciência lunar. A consciência lunar envolve padrões arquetípicos que são nossa herança humana como seres sensitivos e está enraizada na sensação natural. Sua presença é atestada sempre que tivermos pesadelos e sonhos ruins, ou quando estamos muito ansiosos a respeito da própria vida e à mercê de forças sinistras, escuras e irracionais. Seu movimento sempre é "para baixo", rumo ao subterrâneo, visando à ética da auto-aceitação.

É a consciência lunar que fala em nosso íntimo quando nossa conduta de torna transgressora, pois ela extrai o fator moral de instintos de teor material. A natureza conversa através do aspecto lunar da consciência.

A consciência lunar é o lado escuro da lua e as punições de uma consciência pesada.
As LENDAS da “Cobra Grande” nos fazem lembrar a luta entre a vida e a morte, inseparáveis uma da outra...

O mito da serpente, simboliza a vida que corre como um rio, espalhando a exuberância e a abundância da Mãe-Terra, grávida de energia cósmica, pulsando incessantemente, alimentando-se da morte para gerar mais vida...

PRÓXIMO ARTIGO: A “SERPENTE ENCANTADA” DO SITIO SÃO PAULO (IPU)

domingo, 7 de novembro de 2010

POESIA DE MOCHILEIRO



Pé na estrada...

Ô viajante, o que quer dizer essa tatuagem no teu braço?
De dentro dela sai um fogo que eu não sei como conhecer,
Mas ainda vou saber.
Ô viajante, o que querem dizer, esses nomes na tua mochila?
Parecem transas de outro mundo onde eu nunca fui cantar,
Mas quero conhecer e ficar.
Ando com estrelas na cabeça.
Ando com vontade em viajar.
Toda noite acordo e me sinto como que grudado no chão.
Preciso acompanhar minha vontade guardada.
Preciso por o pé na estrada.
Ando com estrelas na cabeça.
Ando com vontade em viajar.
Toda noite acordo e me sinto como que grudado no chão.
Preciso acompanhar minha vontade guardada.
Preciso por o pé na estrada.

Poeta anônimo.