segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

MONÓLOGO DE UM ANDARILHO



Não sou noite, nem sou dia,
Nem vento, nem calmaria,
Não tenho voz, nem sou mudo,
Não sou nada, nem sou tudo,
Não sou fome, nem fartura,
Nem sensatez, nem loucura,
Nem relento, nem abrigo,
Não sou longe, nem sou perto,
Não sou mar, nem sou deserto,
Não sou rei, nem sou mendigo...
.
Sou o que presta e não presta,
Sou funeral e sou festa,
Sou errado e sou correto,
Sou letrado e analfabeto,
Sou deista e sou ateu,
Sou os outros e sou eu,
Sou pacífico e sou brabo,
Sou real, sou ilusão,
Sou o sim e sou o não,
Sou um deus, sou um diabo...
.
Sou parte da romaria,
Sou a fina hipocrisia,
Sou mais ou menos a média
Da tragédia e da comédia...
Sou verdade e sou mentira
Sou a calma e sou a ira,
Sou alegria e sou pranto,
Sou achado e sou perdido,
Sou sorriso e sou gemido,
Sou o encanto e o desencanto...
.
Sou passado e sou presente,
Precavido, inconsequente,
Sou o ódio e sou o amor,
Sou medo e sou destemor,
Sou machado e sou o lenho...
Não sei de onde é que venho,
Não sei pra onde é que vou...
...E assim perdido na estrada,
Numa confusão danada,
Não sei que diabo é que sou!!!

J.A.B(Um anônimo das estradas)

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