terça-feira, 28 de dezembro de 2010

DICA DE FILME: "NA NATUREZA SELVAGEM"


NA NATUREZA SELVAGEM

"A felicidade só é verdadeira quando é compartilhada"

A modernidade separou o homem da natureza e o tornou obcecado pela idéia do progresso material, tendo como símbolo maior a busca de uma carreia promissora e capitalista ao extremo. O resultado não poderia deixar de ser outro se não uma sociedade competitiva e individualista.Tudo isso somado ao consumismo exagerado e a corrupção dos próprios valores e desejos do homem moderno, construídos então a partir do século XX.

Convido os caros leitores e amigos do Blog a compartilhar comigo uma pequena análise da sociedade atual a partir filme “Na Natureza Selvagem” e entender melhor sobre o que acabamos de escrever. Trata-se de um filme que nos leva a refletir profundamente sobre as relações humanas e o afastamento do homem com as coisas simples da natureza. Vejamos então um breve resumo desse maravilhoso e interessante filme e em seguida um vídeo da belíssima trilha sonora do filme na voz de Eddie Veeder, vocalista do Pearl Jam.

Na natureza selvagem (Into the wild, 2007) é um filme baseado em uma história real (do diretor Eric Gautier, o mesmo de "Diários da Motocicleta", filme do diretor Walter Salles sobre Che Guevara) que se passa na década de 90, retratando um jovem de classe média alta que acaba de ser formado em Direito, com notas boas o suficiente para ingressar em Harvard.

É um apaixonado pela literatura, e apesar de sua pouca idade já é um erudito, conhecedor dos mais renomados mestres universais, muito citados ao longo do filme. Ao contrário do que se espera de um jovem rico e com uma carreira brilhante Christopher McCandles é desapegado ao luxo, tanto é que recusa o presente dos pais, um carro novo pela sua formatura e o custeio de toda a sua formação superior.

Criado por pais neuróticos, egoístas e absurdamente materialistas, uma recatada família de classe alta, Christoph (Emile Hirsch) tinha tudo o que os ideais de um “bom homem” prescrevem, entretanto, ele tem outros planos. Quer rodar o mundo, se misturar à natureza, ser parte dela. Se desfaz de tudo o que tem, de todo o seu dinheiro e resolve “fugir”. Abandona o seu carro velho à beira da estrada e queima os seus documentos, deixa formalmente de existir.

Descontente com as “regras” de um homem polido pela civilização, Christopher resolveu partir em busca de aventura, de liberdade, de viver os momentos sem rumo, deixando se levar por conta do devir, porém, leva consigo o sonho de visitar o Alasca.

Sem nada no bolso, apenas uma garrafa de água, sua mochila com roupas, livros e diário, ao longo de sua aventura, irá se deparar com várias pessoas; uma comunidade hippie, um velho solitário, um fazendeiro… companhias agradáveis e desagradáveis, seres humanos que alegram e que desprezam, garantindo assim, uma diversidade de relações ao longo de sua aventura.

O filme se apresenta como uma boa opção para o espectador que queira revolver entre os aspectos sociais e culturais nas quais estamos imersos; e que, muitas vezes, nos cegam diante da vida, fazendo de nós meros joguetes de disputas entre as relações de poder que se processam no substrato civilizatório, tornando-nos assépticos de sentido durante nossas vivências.

Para quem gostar do assunto e quiser uma análise mais profunda sobre o jogo de forças entre as díades progresso/regresso sob o plano da civilização/homem, recomendo a leitura do clássico “Mal-estar na civilização” (1929) de Freud.

Vejamos então abaixo a linda trilha sonora do filme na voz de Eddie Veeder, o já citado vocalista do Pearl Jam.

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