segunda-feira, 20 de junho de 2011

III SIMPÓSIO - PROGRAMAÇÃO


III SIMPÓSIO DE IPU

Dia 05 de julho: Das 09: 00 h às 18: 00 h - Credenciamento
MESA DE ABERTURA
18:00h- ATELIÊ TEMATICO – CINE SESC
19:00 h – A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO CEARENSE
Ø Prof. Dr. em Sociologia Gilmar de Carvalho (UECE)
Ø Prof. Dra. em Sociologia Anna Christina Farias de Carvalho (URCA)
Mediador: Prof. MS.c. em Filosofia Giovane Paulino de Oliveira
APRESENTAÇÃO CULTURAL: Evandro Sousa

Dia: 06 de julho
08h:30min – MESA- REDONDA:
PERSPECTIVAS E MOBILIZAÇÕES PARA A UNIVERSIDADE FEDERAL DA IBIAPABA COMO FERRAMENTA DE GESTAR UM PENSAR SUSTENTÁVEL
Ø Prof. (a). Dr.(a). em Educação Adriana Capanni (UVA)
Ø Prof. Dr. em Educação Edvar Costa Rodrigues (UVA)
Ø Presidente do CONDERI Glauber Augusto Lira Sousa (IDT)
Ø Representante da Assembléia Legislativa do Ceará Dep. Sergio Aguiar
Ø Representante dos Universitários da Ibiapaba
Mediador: Prof. MS.c. em Sociologia Pedro Fernandes de Queiroz (UVA)
Intervalo para almoço: Das 12:00h às 14:00 h
18:00h- ATELIÊ TEMATICO – CINE SESC
19:00 h - Palestra: AS IDENTIDADES DOS SERTÕES, DAS SERRAS E DOS BREJOS NA FORMAÇÃO DO NORDESTE BRASILEIRO
Ø Prof. Dr. em História Durval Muniz de Albuquerque Júnior (UFRN/ Presidente da ANPUH).
APRESENTAÇÃO CULTURAL: MUNDAREÚ SONORO
Mediador: Prof. Dr. Dennis Melo (UVA)

Dia 07 Julho
08: 30min – OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA COMO VEÍCULOS DE FORMAÇÃO DO PENSAMENTO CEARENSE E IBIAPABANO;
Ø Prof. Dr. em Sociologia Oswald Barroso (UECE)
Ø Prof. Dr. em Filosofia Antônio Glaudenir Brasil Maia (UVA)
Ø Representante da Cadeia de rádios e televisão da Ibiapaba
Mediador: Prof. MS.c. em História Iramar Miranda Barros (INTA)
Intervalo para almoço: Das 12:00h às 14:00h
19:00 h- MESA-REDONDA
A PRESENÇA DOS JESUÍTAS COMO AFIRMAÇÃO IDENTITÁRIA DE UM TERRITÓRIO
Ø Prof. Dr. em História Agenor Junior (UVA)
Ø Prof. MS.c em Antropologia Patrick Walsh (INTA)
Ø Prof. MS.c. em Sociologia Pedro Fernandes de Queiroz (UVA)
Mediador: Prof. MS.c. em Historia Alênio Carlos Noronha (UVA)
APRESENTAÇÃO CULTURAL:: Zeca Gonçalves

DIA 08 Julho - MESA-REDONDA
08:30min – NEGROS E ÍNDIOS NO SERTÃO E NAS SERRAS CEARENSES.
Ø Prof. MS.c em História Raimundo Rodrigues de Souza (UVA)
Ø Prof. MS.c em História Adauto Neto Fonseca Duque (INTA/UVA)
Mediador: Evandro Sousa
Intervalo para almoço: Das 12:00h às 14:00 h
14:30 mim Mesa-Redonda
NEGROS E ÍNDIOS NO SERTÃO E NAS SERRAS CEARENSES
Ø Prof. MS.c em História Raimundo Rodrigues de Souza (UVA)
Ø Prof. MS.c em História Adauto Neto Fonseca Duque (INTA/UVA)
Professor para falar de índios
Mediador: Evandro Sousa
18:00h- ATELIÊ TEMATICO – CINE SESC
19:00h – Mesa-Redonda
PERSONALIDADES IBIAPABANAS PARA O MUNDO: CLÓVIS BEVILÁQUA, FARIAS BRITO E GERARDO MELO MOURÃO
Ø Prof. Dr. em Direito José Luís Lira (UVA)
Ø Prof. MS.c em Filosofia Giovane Paulino de Oliveira
Ø Especialista em Direito Rafael Lopes do Amaral
Mediador: Prof. Dr. em História Agenor Junior (UVA)
00: 00h – Café Filosófico em Pauta: Avaliação do Simpósio

DIA 09 Julho
08:30 mim Mesa-Redonda
RESTAURAÇÃO, LÓGICA DO PENSAR, MEMÓRIAS E HISTÓRIA DAS RESISTÊNCIAS, EXPLOSÃO E DESENVOLVIMENTO DAS E CIDADES CEARENSES
Ø José-Marcel Becke ( Tecnólogo em restauração pelo Centro Europeu de Restauração Castello Raesfeld – Alemanha)
Ø Prof. Dr. em História Antonio Vitorino Farias Filho (INTA)
Ø Prof. MS.c. Paulo Emílio Frota Aguiar (UECE)
Ø Prof. MS.c. em Filosofia Erminio (UVA)
Intervalo para almoço: Das 12:00h às 14:00 h
14h:00mim MESA–REDONDA
TRABALHO, ASSOCIAÇÃO, PROGRESSO E TRANSFORMAÇÃO DO TRABALHO
Prof. MS.c. em História Raimundo Alves de Araujo (UECE)
Prof. Esp. em História Francisco Petrônio Lima (UVA)
Prof. MS.c. Antonio Iramar Miranda Barros (INTA)
Mediador: Prof. Dr. em História Antonio Vitorino Farias Filho (INTA)
18:00h- ATELIÊ TEMATICO – CINE SESC
19:00 h - Palestra: 19:00h – Mesa-Redonda
IDENTIDADES, TERRITÓRIOS E PETENCIMENTOS NO MUNDO DE FRONTEIRAS LIQUIDAS
Ø Prof. Dr. em História Francisco José Pinheiro (Sec. de Cultura do Estado do Ceará)
Ø Prof. Dra em Sociologia Lúcia Helena Grangeiro Fonseca (UECE)
Ø Prof. MS.c. em História Reginaldo Alves de Araújo (UFC)
Mediador: Prof. MS.c. em História Raimundo Alves de Araujo (UECE)

:30min - FESTEJOS - SHOW;
Dia 08, às 14:00h - OFICIANA DE TRABALHO
ECONOMIA CRIATIVA E EVENTOS CULTURAIS DA IBIAPABA
Ministrante: CONSERTAR COLONDO OS NOMES FAZER AMANHÃ (NO DIA 02 DE JUNHO)
Fernando Eupídio (Organizador do Mel Chorinho e Cachaça)
FEPAI- Silvo (Analista do SEBRAE Tianguá)
Festival da Floração do Maracujá – Paulo, Ávila “MAIS COMUNICAÇÃO”
Mini-cursos: Dias 06 e 07 - Horário: 14:00h às 16:00h (COLOCAR OS NOMES DOS MINI-CURSOS )
(1) Prof. Dr. em Historia Dennis Melo (UFPE/UVA)
(2) Educação para o patrimônio - Prof. M.sc. em Historia Social Alênio Carlos Noronha ( UNB/UVA)
(3) Filosofia - Prof. MS.c. em Filosofia Giovane Paulino de Oliveira (UECE/UVA)
(4) Cultura - Prof. Esp. Francisco Petrônio P. Lima (UVA) - Prof. MS.c. em História Reginaldo Alves de Araújo (UFC)
(5) Prof. MS.c. Antonio Iramar Miranda Barros (INTA) - Prof. Dr. em História Antonio Vitorino Farias Filho (INTA)
(6) História das Mulheres no Brasil Colonial: Algumas discussões para a pesquisa e escrita de história - Prof. (a). MS.c. (a). Maria Rakel Amâncio Galdino
OFICINAS:
(1) “Pensar o Pensar cearense através da contação história”, BARRO E TRANSFORMAÇÃO DE UMA CULTURA
Gervânia Sampaio Cavalcante, Maria Jaqueline Gomes de Paula e Dona Branca (Mestra da Cultura Popular do Ceará)
(2) PENSAR O PENSAR JORNALÍSTICO EM UMA VISÃO GERAL
Francisco de Sousa Furtado
COMUNICAÇÕES ORAIS REFERENTE A TEMÁTICA DO SIMPÓSIO
ATELIÊ TEMÁTICO: Influência familiar na educação: Estudar por quê? Alan John Aguiar Cunha, Aline Mendes Lopes, Paulo Roberto Sales Neto.
ANALISE DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS FAMÍLIAS DA REGIÃO ACARAÚ – Francisco de Assis da Silveira.
O PENSAR DA LITERATURA NO CEARÁ: DOS OITEIROS À PADARIA ESPIRITURAL – Valdemar Ferreira de Carvalho Neto Terceiro
OBSERVAÇÃO DE ALGUMAS PRÁTICAS E RELAÇÕES - Prof. Esp. em História Ridlav Augusto Ferreira de Abreu

E-MAIL PARA INSCRIÇÕES: simposiodeipu@yahoo.com.br
(88)99695184

domingo, 5 de junho de 2011

TREKKING?...O QUE É ISSO?...


Origem da palavra Trekking

A palavra trekking tem sua origem na língua africâner. Ela passou a ser amplamente empregada no início do século XIX, pelos vortrekkers, os primeiros trabalhadores holandeses que colonizaram a África do Sul.
A palavra foi absorvida pela lingua inglesa e passou a designar as longas e dificeis caminhadas realizadas pelos exploradores em direção ao interior do continente, em busca de novos conhecimento, como a nascente do rio nilo e as neves do monte Kilimanjaro.

Em seguida, chegaram os aventureiros em busca de fortes emoções, normalmente encontradas em regiões distantes e de difícil acesso, só atingidas após longas caminhadas em terrenos acidentados.Atualmente, utiliza-se a palavra em português, significando caminhadas em trilhas naturais em busca de lugares interessantes para se conhecer, possibilitando um maior contato com a natureza e culturas .
Fonte: BLOG TREKKING: CAMINHOS E TRILHAS

terça-feira, 31 de maio de 2011

QUE CAMINHO DEVEMOS SEGUIR?


Na estrada o homem caminhava, cabeça baixa e face tristonha. Percebi que suas roupas além de formais eram sujas e rasgadas, os sapatos que tinham ar de caros estavam cheios de lama. Seus passos eram sem nenhum tipo de importância, dos seus pés saiam calma, nenhuma pressa.
A estrada era seca, uma paisagem vazia, tudo que eu via era terra e o sol que aos poucos sumia no horizonte. Como silêncio do lugar consegui escutar a respiração daquele homem, assim como seus passos sua respiração era muito calma.
Então vi o homem parar, logo percebi o porque.
Na sua frente havia agora duas trilhas uma a sua esquerda e outra a sua direita. Ele levantou os olhos apenas, olhou a sua esquerda e examinou um lugar negro cheio de tristeza e medo depois sua direita um lugar colorido, lindo e cheio de vida.
Sem emoção colocou a mão no bolso de onde tirou um papel, desdobrou e examinou sem importância. Ali naquele pedaço de papel amassado tinha o caminho que ele deveria tomar, o caminho a sua esquerda.
Vi um pouco de espanto no seu rosto após ver o que ali tinha escrito. Ele riu, amassou o papel jogou de lado. Apesar de confuso seu passo era leve, ele caminhava em direção a direita,fizera sua escolha, completamente diferente do recomendado.
Claro quem trocaria um lindo lugar pelo negro, o nada?
Ele jamais chegou ao fim de sua caminhada. Naquela estrada encontrou tormento, dor e vida. Vida que fez a dele correr riscos e assim ele se foi.
Realmente ele não sabia que na estrada vazia e negra o caminho era triste e feio mais ali nenhum mau haveria, e no fim a saída.
Que escolha devemos tomar??? Aquela que a nós é recomendada...ou aquela que nos agrada???
Você esta fazendo a escolha certa???

Fonte: Reflexão de um autor desconhecido.

sábado, 14 de maio de 2011

Pe. CAUBY: O "SOLDADO" DE CRISTO


Fotografia do acervo de Francisco Mello (Prof. Mello)

(Resumo de um dos trabalhos de pesquisa de minha autoria sobre o circulismo católico.)

Pe.Cauby Jardim Pontes,coadjutor nos anos de 1940 do Monsenhor Gonçalo de Oliveira Lima. Natural da cidade de São Benedito, Pe Cauby era um sacerdote de punho firme e enérgico, conhecido por sua postura conservadora no combate ao comunismo ateu. Restaurador do Círculo Operário Católico de Ipu e um ativo incentivador da Cruzada Eucarística. Em um de meus registros de pesquisa do livro de tombo da Igreja de Ipu Monsenhor Gonçalo de Oliveira Lima nos diz:

"Pe. Cauby Pontes, que trabalhou comigo de 1942 a 1947, o qual, além de muitos outros benefícios, restaurou o Círculo de Operários, incentivou o catecismo e (ilegível) a cidade de uma amplificadora que, adquerido por subscrição popular,é propriedade parochial."(1)

Como bem afirma nos escritos deixados por Monsenhor Gonçalo Lima no livro de Tombo da Igreja, Padre Cauby surge com a missão de “restaurar o Círculo Operário Católico”, vinculado ao corporativismo fascista e integralista do operariado cristão, além de contar com as diversas associações pias como a Congregação dos Moços Marianos e a Liga Feminina da Ação Católica.Entidades representativas e vigilantes no meio católico cearense.

Em entrevista realizada com a senhora Maria da Conceição Viana encontramos algo referente a memória de Padre Cauby. Em suas palavras é possível perceber algumas características relacionada a um homem de educação rígida e militar, praticante de educação física e que gostava de “raspar o rabo do seu cavalo” para sair desfilando pelas ruas da cidade.

...Ele era um rapaz muito alto, muito forte, musculoso, sabe?.. bonito, novo, sabe...Ele chegou aqui no Ipu para ajudar o Monsenhor Gonçalo Lima que estava velhinho, cansado...Ele tinha um cavalão alto, bonito e ele raspava (risos) o rabo do cavalo e deixava uma vassourinha na ponta [...] Ele fazia missa cinco horas da manhã e a Igreja ficava completamente cheia de gente e cantava todas as músicas. Tinha uma voz linda, forte sabe? Ele era um espírito avançado. Era, era (pausa) como se diz, tinha liderança....(2)


A figura do Assistente Eclesiástico constituía um dos importantes fatores de mobilização e propaganda ideológica do circulismo. De fato , agia como um dos mecanismos de controle social da Igreja, tendo um papel decisivo e doutrinário na vida cotidiana do “operariado” cristão. É o que diz Damião Duque de Farias em seu trabalho, “Em defesa da ordem” ao destacar o papel do Assistente Eclesiástico como figura de ação ofensiva no meio católico circulista.

[...] Na verdade, o Assistente Eclesiástico é o primeiro dirigente de qualquer das esferas do movimento circulista. Em última instância era ele quem definia a ação católica entre o operariado, o Estado e o patronato. Por isso mesmo era que seus nomes se sobressaíam entre os demais em todos os documentos e articulações realizadas...(3)

(1) Livro de Tombo da Igreja de Ipu. Ano de 1947.
(2)Entrevista concedida pela senhora Maria da Conceição Viana em 09/12/07. Ipu-Ce.
(3)Sobre a presença do Assistente Eclesiástico no circulismo ver FARIAS, Damião Duque de. Em defesa da Ordem. Aspecto da Práxis Conservadora católica no meio Operário em São Paulo (1930-1945)p.193

sábado, 7 de maio de 2011

IPU: RELIGIOSOS E "COMUNISTAS"


Foto: Petronio Lima (Petrus Trenkking). Fotografia do jornal Correio da Semana do ano de 1947.

Resolvi postar nesse Blog um pequeno resumo sobre o meu trabalho de especialização em Teoria e Metodologia de História publicado na Revista Homem, Espaço e Tempo no mês de março de 2009. Nesse artigo o renomado Historiador cearense de Camocim Dr.Carlos Algusto Pereira do Santos faz relevantes citações referente ao meu trabalho de pesquisa sobre a representação do sujeito "comunista" nos espaços do trabalho em Ipu. Lembrado que o mesmo foi meu orientador durante toda a pesquisa e que ainda continua sempre solícito quando estou precisando de seus direcioamentos historiográficos. Para quem quiser conferir o artigo na íntegra está disponível em PDF. Basta colocar o mesmo título do artigo abaixo no Google e boa leitura.

“ENTREGO MEU PEITO À BALA, MAS NÃO ENTREGO O IPU AO MADUREIRA”. COMUNISTAS E RELIGIOSOS NOS ESPAÇOS DO TRABALHO EM IPU-CE. (1935-1946).1
Francisco Petrônio Peres Lima 2
Carlos Augusto Pereira dos Santos 3

RESUMO:
Dentre as ações da chamada Ação Católica no Ceará, a criação dos Círculos Operários
talvez foi a mais eficaz e duradoura das entidades e associações pias no combate ao
comunismo. Neste sentido, o presente artigo tenta compreender a atuação de religiosos e
comerciantes na fundação deste tipo de associação na cidade de Ipu-CE, não somente
com o objetivo de combater o “perigo vermelho”, mas, a tentativa de controlar e
disciplinar os trabalhadores.

PALAVRAS-CHAVES: Círculo Operário. Catolicismo. Controle Social. Comunismo.

ABSTRACT:

Among the actions of the so-called Catholic Action in Ceará, the establishment of the
Rings Operários perhaps was the most effective and durable sink of entities and
associations in the fight against communism. Accordingly, this article tries to
understand the role of religious and traders in the foundation of this type of association
in the city of Ipu - Ceará, not only with the objective of combating the "red danger", but
the attempt to control and discipline the workers.
KEY WORDS: Workers Circle. Catholicism. Social Control. Communism.

1
Artigo apresentado no I Seminário Memória, Identidade e Cidade. Ipu-CE. 16 a 20 de fevereiro de
2009. A frase aspeada é atribuída à Padre Cauby, coadjutor da paróquia de Ipu na época, recuperada em
depoimento oral da Sra. Antonia Alves Soares, 78 anos, aposentada, entrevistada por Francisco Petrônio
Peres Lima em 10/12/2007.
2
Professor de História da Rede Municipal e Estadual de Ensino de Ipu-CE.
3
Professor de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Sobral-CE.

sábado, 16 de abril de 2011

A POESIA DE FERREIRA GULLAR


O homem está na cidade
como uma coisa está na outra
e a cidade está no homem
que está em outra cidade

mas variados são os modos
como uma coisa
está em outra:
o homem, por exemplo, não está na cidade
como uma árvore está
em qualquer outra
nem como uma árvore
está em qualquer uma de suas folhas
(mesmo rolando longe dela)
como uma árvore está num livro
quando um vento ali a folheia

a cidade está no homem
mas não da mesma maneira
que um pássaro está numa árvore
não da mesma maneira que um pássaro
(a imagem dele)
está/va na água
e nem da mesma maneira
que o susto do pássaro
está no pássaro que eu escrevo

a cidade está no homem
quase como a árvore voa
no pássaro que a deixa

cada coisa está em outra
de sua própria maneira
e de maneira distinta
de como está em si mesma

a cidade não está no homem
do mesmo modo que em suas
quitandas praças e ruas

Buenos Aires
Maio/outubro 1975

(Trecho final do livro Poema Sujo, que o poeta Ferreira Gullar escreveu no exílio, em Buenos Aires, já sem passaporte, com a ditadura militar argentina assassinando a oposição. Gullar escreve esse poema como se estivesse dando seu último depoimento vivo. O Instituto Moreira Salles lançou no mês passado um vídeo com o poeta lendo todo esse seu longo e belo texto.)

Fonte: Blog do Prof. Carlos Augusto de Camocim

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A INQUIETAÇÃO DO ANDARILHO


Nada me prende, a nada me ligo, a nada pertenço.
Todas as sensações me tomam e nenhuma fica.
Sou mais variado que uma multidão de acaso,
Sou mais diverso que o universo espontâneo
Todas as épocas me pertencem em um momento,
Todas as almas um momento tiveram seu lugar em mim.

Fernando Pessoa (Passagem das Horas, 2002, p. 247)